Política

Bolsonaro ataca ministros do STF e anuncia manifestações para 7 de setembro

Presidente voltou a mentir sobre ter sido eleito no primeiro turno em 2018 e insinuou não aceitar o resultado em caso de derrota neste ano

Foto: Reprodução
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a fazer ameaças diretas a ministros do Supremo Tribunal Federal, questionar a integridade do sistema eleitoral brasileiro e insinuar que poderá não aceitar o resultado das urnas nas eleições de outubro deste ano. Em entrevista ao SBT nesta terça-feira 7, o ex-capitão mencionou a organização de novas manifestações para o 7 de setembro e prometeu reunir apoiadores da sua candidatura e opositores dos membros do Judiciário em São Paulo, Brasília e todas as demais capitais.

“[Quando falo ir à guerra pela liberdade] É ir às ruas, mas não apenas ir às ruas, é saber o que eu pretendo fazer em ato contínuo. A população indo às ruas não sensibiliza Alexandre de Moraes, [Edson] Fachin, [Luís Roberto] Barroso. Eles estão num propósito de botar a esquerda no poder novamente”, acusou, inicialmente, Bolsonaro.

Em seguida, explicou que o que o ‘novo 7 de setembro’, além de marcar oposição aos ministros, seria organizado também como um ato em defesa da sua candidatura. A data, em 2021, marcou um dos episódios mais tensos na relação entre Executivo e Judiciário. Na ocasião, Bolsonaro ameaçou não cumprir novas decisões do tribunal. Mais tarde, voltou atrás em uma carta, da qual, nesta quinta, se mostrou arrependido.

“O que está sendo organizado, por exemplo, é um 7 de setembro em que a presença do povo estaria demonstrando de que lado estão”, disse, elencando em seguida diversas pautas defendidas pela direita e extrema-direita. Mais adiante, completou:

“Eles querem aproveitar a data para ter uma grande concentração de pessoas em São Paulo, nas capitais e aqui em Brasília. Vai ser um 7 de setembro e também um apoio a um possível candidato que esteja disputando, isso está mais do que claro”, destacou. “É uma demonstração pública de que grande parte da população apoio um certo candidato, enquanto o outro lado, do outro candidato, não consegue juntar gente em lugar nenhum do Brasil”, acrescentou Bolsonaro antes de voltar a mentir sobre as urnas eletrônicas.

Na conversa, Bolsonaro insinuou ainda que se arrepende de ter recuado das ameaças de não cumprir decisões do STF feitas em setembro do ano passado. Segundo contou, a publicação da carta escrita por Michel Temer em seu nome só ocorreu porque Alexandre de Moraes havia se comprometido, nas palavras de Bolsonaro, entre outras coisas, a ‘parar de perseguir seus aliados’.

“Vou dizer uma coisa que não falei pra ninguém: estava eu e o Michel Temer e um telefone celular na minha frente. Ligamos para o Alexandre de Moraes, conversamos por 3 vezes com ele. Combinamos certas coisas para assinar aquela carta. Ele não cumpriu nenhum dos itens que combinei com ele”, disse Bolsonaro.

Em seguida, ele se negou a fornecer detalhes do suposto combinado, mas afirmou que o ponto central seria conter ações do tribunal contra seus aliados.

“Logicamente não gravei essa conversa por questão de ética. Jamais faria isso. Mas digo pra você, o Alexandre de Moraes não cumpriu uma só das coisas que acertamos para assinar aquela carta”, repetiu. “Não vou te falar [quais eram as coisas]. Mas a carta está pública ali. São questões exatamente para diminuir a pressão que ele faz até hoje em cima de pessoas que me apoiam”, completou.

Um dos aliados citados nominalmente por Bolsonaro na entrevista é Fernando Francischini, deputado que teve o mandato cassado pelo TSE por divulgar fake news sobre as urnas eletrônicas. O caso está sendo analisado no STF após o ministro Kassio Nunes Marques derrubar a decisão da Justiça Eleitoral.

Ao tratar do tema, Bolsonaro repetiu as mesmas mentiras que levaram Francischini a perder seu mandato. “A opinião dele é exatamente igual a minha”, afirmou Bolsonaro em mais de uma oportunidade.

O ex-capitão foi ainda questionado sobre quais seriam suas ações caso viesse a perder as eleições para Lula (PT). Neste momento, no entanto, interrompeu a pergunta e disse que não iria ficar comentando hipóteses. Novamente, insinuou a possibilidade de um golpe.

“Não vou ficar no ‘se’. Eu acho que eles sabem do meu potencial e do que o povo está pensando também. Queremos eleições limpas e dá tempo de eleições limpas. Não podemos terminar as eleições sob o manto da desconfiança de modo que o lado perdedor fique revoltado. Isso não pode acontecer”, disse.

As declarações de Bolsonaro constam nos primeiro minutos da entrevista à emissora. Neste trecho da conversa, o ex-capitão repetiu também mentiras sobre uma suposta sala secreta no TSE e afirmou, erroneamente, que as urnas eletrônicas não podem ser auditadas. Novamente sem apresentar provas, alegou que as eleições de 2014 e 2018 foram fraudadas. Para sustentar suas afirmações, alegou ter documentos e pesquisas ‘Datapovo’:

“Eu tenho certeza de que fui eleito no primeiro turno, até porque certos documentos e as pesquisas Datapovo, vamos assim dizer, comprovavam isso daí”, afirmou antes de repetir as teorias sobre um ataque hacker ao sistema eleitoral brasileiro.

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