Política

Atos golpistas de 8 de Janeiro ‘não tiveram um grande líder’, diz ministro da Defesa

Para José Múcio, conversas de Mauro Cid mostram que as Forças, do ponto de vista institucional, não embarcaram na empreitada golpista

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. Foto: Douglas Magno/AFP
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O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, diz acreditar que não houve um “grande líder” por trás dos atos golpistas de 8 de Janeiro, mas pontua que alguns integrantes das Forças Armadas adotaram uma posição favorável a um golpe de Estado após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

As declarações foram concedidas durante um debate com ex-ministros da Defesa nesta segunda-feira 19 intitulado Defesa Nacional, presente e futuro do Brasil. O encontro foi organizado pela área de Defesa e Segurança do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa.

“Não acredito que vamos encontrar os responsáveis”, afirmou o ministro. “Foram agricultores do Centro-Oeste que financiaram, foram os donos de ônibus, é por aí que vamos chegar às várias pessoas responsáveis, sem ter assim um grande líder.”

Múcio ainda mencionou os diálogos entre o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e o coronel Jean Lawand Junior sobre um golpe. Nas mensagens, eles discutiam um plano para anular o resultado da disputa presidencial em 2022, dissolver a composição do Tribunal Superior Eleitoral e convocar novas eleições.

Para o ministro, as conversas mostram que as três Forças, do ponto de vista institucional, não embarcaram na empreitada golpista. “Havia um pequeno grupo de militares de alta patente, da ativa, participando de tentativa de golpe de Estado, de rasgar a Constituição e pisotear a democracia. É assim que classificamos esse acervo probatório.”

Questionado sobre a proposta de emenda à Constituição que “disciplina” a presença de militares na política, Múcio afirmou que a ideia conta “com absoluta” aceitação entre os chefes das Forças e seus colegas da Esplanada dos Ministérios. Agora, a Casa Civil estuda enviar uma PEC própria ao Congresso ou apoiar alguma proposta já apresentada pelos parlamentares.

“Quando nós tivemos a ideia de discutir com os comandantes, para que discutissem com os seus comandados, que criássemos uma separação entre militar e político, não é que estamos desincentivando o militar de ser político”, prosseguiu. “É porque todas as vezes que um militar sai para a política e não tem sucesso, ele volta aos quarteis contaminado com a perspectiva da próxima eleição e volta com o proselitismo que aprendeu durante a eleição.”

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