Política

Aras diz ser alvo de ‘sabotagem’ interna em reta final de mandato na PGR

‘Tentam apagar todos os registros da nossa administração’, alegou o procurador-geral. O atual mandato do chefe do MPF termina em setembro

O procurador-geral da República, Augusto Aras. Foto: Evaristo Sá/AFP
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O procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou nesta sexta-feira 21 ser alvo de “sabotagens” na reta final de seu mandato, a se encerrar em setembro.

O presidente Lula, responsável por indicar o próximo procurador-geral, não descarta a possibilidade de reconduzir Aras ao cargo por mais dois anos.

Há uma evidente sabotagem. Tentam apagar todos os registros da nossa administração. As críticas em tempos de sucessão na PGR são comuns, mas estou sendo sabotado há cerca de 60 dias. Todo dia há problemas novos que ninguém sabe quem criou”, disse Aras em entrevista ao Conjur.

Exemplos de “sabotagem” seriam apagões em repartições da PGR durante reuniões consideradas importantes, além de instabilidades em serviços informatizados e notas publicadas no site da PGR.

Aras afirmou ao site ter determinado a abertura de uma investigação para apurar suas suspeitas.

Um dos episódios narrados se refere a uma reunião em 28 de junho com procuradores, diretores do Banco Central e representantes do mercado financeiro. Naquela oportunidade, a energia elétrica caiu.

Em entrevista à Record TV na semana passada, Lula disse nunca ter conversado pessoalmente com Augusto Aras, mas não afastou a possibilidade de indicá-lo para o terceiro mandato.

“Possivelmente eu vou conversar com o Aras, como eu vou conversar com outras pessoas, e eu vou sentir o que é que as pessoas pensam, e no momento certo eu indicarei.”

Nesta sexta, procuradores-gerais do Ministério Público Militar, do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios e do Ministério Público do Trabalho divulgaram uma nota conjunta para reconhecer “as conquistas” de Aras à frente da PGR.

Por outro lado, opositores de Aras na política têm levantado a voz contra a possibilidade de recondução.

“Aras perdeu uma condição fundamental a qualquer PGR: o respeito dos ministros do Supremo. Seria um anão moral”, disparou o senador Renan Calheiros (MDB-AL) nas redes sociais, na última segunda-feira 17. “A Corte sabe muito bem o que ele fez nos verões passados: engavetou investigações contra Bolsonaro e silenciou no golpe.”

Renan publicou, também, uma imagem em que Aras e o ex-presidente Jair Bolsonaro aparecem em um diálogo.

Nos últimos dias, o senador tem elevado o tom de suas críticas ao trabalho do procurador-geral. Em 11 de julho, escreveu nas redes que Aras “não tem condições mínimas de seguir na PGR” e que, “além de parcial, blindando Bolsonaro e amigos, perseguiu adversários e foi a mudez mais fatal na pandemia e no golpismo”.

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