Política

Após suspender aborto legal, Prefeitura de SP entrega hospital de referência a militante ‘pró-vida’

Secretário de Saúde confirmou a CartaCapital a nomeação de Marcia Tapigliani, que disputou as eleições de 2022 pelo PL, à direção do Hospital Municipal de Vila Nova Cachoeirinha

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Depois de fechar o serviço de aborto legal do Hospital Municipal de Vila Nova Cachoeirinha, na Zona Norte da capital paulista, a Prefeitura de São Paulo entregou a direção da unidade de saúde à ginecologista Marcia Tapigliani, filiada ao PL de Jair Bolsonaro e do governador Tarcísio de Freitas, neoaliados do prefeito Ricardo Nunes, do MDB. Com um forte discurso antiaborto, ela candidatou-se a deputada estadual nas eleições de 2022, mas não conseguiu se eleger – obteve apenas 8.505 votos.

“Não sei se já saiu a nomeação (no Diário Oficial). Essa troca na direção já estava sendo negociada desde novembro do ano passado”, confirmou Zamarco à reportagem de CartaCapital. “Havia algumas denúncias contra o antigo diretor e tivemos que tirar ele de lá”.

Ginecologista Marcia Tapigliani demonstra apoio ao então candidato a reeleição, Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução / Instagram

Durante a campanha para deputada estadual, a nova diretora do hospital apresentou-se ao eleitorado como uma “defensora da vida”. Em uma de suas peças publicitárias, Tapigliani argumenta que a vida começa “a partir da concepção”, algo que, segundo ela, seria “indiscutível para a ciência e a teologia”, e prossegue: “O PL é a favor da preservação da vida em qualquer estágio evolutivo que ela se encontre”.

Mesmo fora no período eleitoral, Tapigliani mantém a militância antiaborto. Chegou a divulgar a foto de um recém-nascido no Instagram, acompanhada de uma apelativa legenda: “Não há nada mais desumano do que ter sua vida arrancada, de ter o seu corpo destroçado impiedosamente enquanto ainda está vivo, sem ter como se defender”.

Ginecologista Marcia Tapigliani defende fim do aborto legal. Foto: Reprodução / Instagram

Após trocar a direção do hospital, a Secretaria de Saúde solicitou os prontuários médicos de todas as pacientes que realizaram aborto na unidade entre 2021 e 2023. Os dados são sigilosos e só podem ser obtidos com autorização judicial, mas essa etapa foi atropelada. Zamarco alega que as fichas foram acessadas para uma investigação interna, destinada a apurar se os procedimentos realizados nos últimos anos estavam “de acordo com a lei”.

A reportagem “Direito negado”, publicada na edição semanal de CartaCapital e disponível aos assinantes, traz ainda os bastidores do fechamento do serviço de aborto legal do Vila Nova Cachoeirinha, relatos de adolescentes levadas a outros estados para realizar o procedimento negado na unidade de saúde, a justificativa de Zamarco para a interrupção do atendimento e a reação de parlamentares e ativistas contra a iniciativa. Para ler a íntegra do texto, clique aqui.

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