Política

Além de programa espião, Abin paralela usava drones, câmeras e microfones escondidos, diz jornal

A agência era comandada pelo delegado Alexandre Ramagem, hoje deputado estadual da base bolsonarista

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
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A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) usou, além do software espião FirstMile, diversos outros equipamentos, como microfones, câmeras escondidas, drones e malwares para monitorar adversários políticos e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A informação é do jornal O Globo desta segunda-feira 4. 

Indícios da utilização desses equipamentos para espionagem política foram encontrados pela Polícia Federal. 

Depoimentos de servidores da agência de inteligência confirmam que o órgão, chefiado à época por Alexandre Ramagem (PL), atual deputado federal, adquiriu uma série de drones, em 2021, para auxiliar nas atividades da Abin. 

O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

A ideia do bolsonarista era utilizar os dispositivos de captação de imagens aéreas em operações de vigilância nas superintendências, sem especificar os limites da sua utilização. Os servidores, no entanto, tiveram dificuldades técnicas com o equipamento, devolvidos, então, ao órgão em Brasília.

Mais tarde, agentes foram treinados na pilotagem dos drones. Pouco depois, ainda em 2021, um destes equipamentos foi flagrado sobrevoando a residência do então governador do Ceará, Camilo Santana (PT), atual ministro da Educação.  

A agência, informa o jornal, chegou a abrir um processo administrativo para investigar o fato. O processo apontou, à época, que a ordem partiu de Ramagem e outros diretores. A apuração, no entanto, acabou arquivada sem qualquer análise de mérito.

Além dos equipamentos de filmagem aérea, também foram relatados por agentes da Abin à PF a utilização de “equipamentos sensíveis” sem cautela, como microfones direcionais de alto alcance, câmeras e outras ferramentas “para uso tático em campo”. 

O relato da utilização dos dispositivos, novamente, foi confirmado por um servidor em depoimento à Polícia Federal. O depoimento foi obtido pelo jornal. Esses equipamentos permitiram, por exemplo, a gravação de reuniões à distância. 

Outro depoimento dá conta que a Abin tinha conhecimento da utilização de programas maliciosos criados por um servidor do departamento de inteligência. Esse tipo de software é utilizado para invadir dispositivos, tais como computadores e celulares, sem o conhecimento do usuário. 

Os relatos dos servidores é considerado crucial pela PF para entender o funcionamento da Abin paralela, que realizava monitoramento informal de alvos selecionados por Ramagem. O atual deputado não comentou as revelações do jornal.

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