Política

Ala do MDB que apoia Lula teme que partido vire ‘nanico’ ao insistir em Tebet

Legenda, que tem candidatura própria à Presidência com Simone Tebet, está dividido; há quem defenda apoio a Jair Bolsonaro

Lula e Eunício Oliveira. Foto: Reprodução
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A ala do MDB que defende o apoio da legenda ao ex-presidente Lula (PT) nas eleições deste ano teme que a insistência do partido na candidatura de Simone Tebet faça o partido perder cadeiras na Câmara dos Deputados.

Em 2018, a sigla lançou a candidatura de Henrique Meirelles ao Planalto, mas sem sucesso. O ex-ministro da Fazenda terminou a disputa em sétimo lugar, com 1,20% dos votos. Na ocasião, o partido elegeu 34 deputados federais ante os 66 de 2014. Na última pesquisa Ipespe, Tebet chegou aos 2% das intenções de voto.

“Gostaria que meu partido tivesse uma candidatura viável, agora não podemos ir para uma aventura, como fomos em 2018”, avaliou nesta quarta-feira 4 o ex-senador e pré-candidato a deputado Eunício Oliveira em conversa com CartaCapital. O ex-parlamentar articula junto com o senador Renan Calheiros e outros nomes o apoio do MDB ao petista. “Se insistirem nessas aventuras, vamos virar um partido nanico“.

No mês passado, o ex-senador promoveu um jantar, em sua casa em Brasília, que reuniu Lula e caciques do MDB. “Há uma tendência natural de não irmos novamente para um suicídio político”, disse Eunício após o encontro. “Se não for uma candidatura viável, não tenho dúvidas que os diretórios vão derrubar na convenção.”

No PT, o apoio de parte do MDB, principalmente do Norte e do Nordeste, já é visto como certo mesmo com a candidatura de Tebet.

As resistências a Lula, além dos defensores da candidatura própria, vêm de setores que querem apoiar o presidente Jair Bolsonaro (PL). O ex-presidente Michel Temer, por exemplo, critica o petista por defender a revogação de algumas das reformas que são bandeiras do MDB, como a Trabalhista.

Para Eunício, Lula deve moderar o discurso, mas não acredita que Temer apoiará o atual presidente. “Se o Temer for para essa posição de extrema-direita, do negacionismo e do golpismo, eu lamento profundamente e fico decepcionado”, afirmou.

A CartaCapital, o ex-senador disse que não crê que, sem candidatura própria, o MDB ficará com Bolsonaro.

“O MDB raiz, que lutou contra a ditadura, jamais apoiará um candidato de extrema-direita”, declarou. “Talvez seja desejo desses bolsonaristas infiltrados que não têm nada a ver com a história do partido”.

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