Justiça

Acampamento em Brasília teve papel central em atos golpistas, aponta relatório de intervenção

O interventor federal Ricardo Capelli deu detalhes do documento que será entregue ao Ministério da Justiça, ao Ministério Público e ao ministro Alexandre de Moraes

Ricardo Cappelli. Foto: Reprodução
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O interventor federal Ricardo Capelli divulgou, nesta sexta-feira 27, os principais apontamentos do relatório de intervenção de segurança do DF, que tem como objetivo elucidar as falhas de segurança pública que culminaram com os atos golpistas em Brasília no dia 8 de janeiro.

“Aqui não é um ponto de chegada, mas um ponto de partida. São relatos que conseguimos colher”, disse Capelli, ao apresentar as conclusões ao longo de 19 dias de intervenção, que se encerra no próximo dia 31. “Todas essas investigações vão prosseguir, principalmente na individualização das condutas, que é o mais importante.”

O acampamento golpista montado em frente ao QG do Exército em Brasília, destacou Capelli, teve papel central no desdobramento dos atos terroristas.

“Todos os atos de vandalismos da capital federal passaram, tiveram sua organização, planejamento e ponto de apoio naquele acampamento,”, afirmou o interventor, ao citar demais ações planejadas pelos golpistas, como ataques no dia da diplomação do presidente Lula e a tentativa de explosão de uma bomba em um caminhão de combustível.

“Todos os eventos passam de uma forma ou de outra por aquele acampamento criminoso que perturbou a ordem pública do Distrito Federal”, completou.

O interventor assegurou que ainda que o ex-secretário de segurança pública do DF, Anderson Torres, recebeu previamente, no dia 6 de janeiro, um relatório de inteligência da secretaria que informava sobre a tentativa de tomada do poder, com ameaça concreta de invasão dos prédios públicos.

“Ali estava escrito tudo o que poderia acontecer. O gabinete do secretário recebeu essa informação”, afirmou. Torres encontra-se preso, juntamente com o ex-comandante-geral da Polícia Militar do DF, Fábio Augusto Vieira, por suposta omissão diante os atos terroristas.

O interventor ainda garantiu que houve falhas operacionais importantes na data, como o fato de o relatório de inteligência não ter gerado um desdobramento operacional adequado de segurança nas instalações dos Três Poderes. Citelli citou, por exemplo, o tempo médio de uma hora e 40 minutos transcorridos desde a saída dos manifestantes em direção à Praça dos Três Poderes e a quebra da linha de contenção, que aconteceu por volta das 14h43.

“A manifestação saiu do acampamento por volta das 13h do dia 8. Ao longo do caminho, há registros e apreensões feitas pela Polícia de pessoas portando utensílios que já manifestavam a intenção de uma ação mais violenta”, avaliou.

“A quebra da linha de contenção na Avenida das Bandeiras se dá por volta de 14h43, o que demonstra que entre a saída até a chegada na linha de contenção tivemos algo em torno de 1h40, tempo suficiente para que fossem acionadas tropas para dar suporte, uma vez que estava ficando clara a intenção dos manifestantes”.

Também consta no relatório uma observação sobre o número de comandantes que estavam em período de férias na data, nove ao todo; e apontamentos sobre a conduta de Vieira, que teve pedidos de apoio ignorados pelas pastas de segurança.

Segundo o interventor, seis coronéis que estavam em atuação no dia 8 foram exonerados; e seis inquéritos militares policiais seguem em curso para apurar a conduta dos agentes.

O relatório da intervenção será entregue eletronicamente ao Ministério da Justiça, ao Ministério Público e ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito que apura os atos extremistas.

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