Política
Abin sairá das mãos de militares e irá para a Casa Civil, confirma Rui Costa
Trata-se de uma das etapas da desmilitarização da agência, um objetivo traçado pelo governo após os atos de terrorismo em 8 de janeiro.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou nesta quarta-feira 9 que a Agência Brasileira de Inteligência passará a funcionar sob o guarda-chuva de sua pasta, deixando a alçada do Gabinete de Segurança Institucional, hoje comandado pelo general Gonçalves Dias. O petista confirmou a mudança à jornalista Andreia Sadi, do G1.
Trata-se de uma das etapas de um processo de desmilitarização da Abin, um objetivo traçado pelo governo após os atos de terrorismo em 8 de janeiro. No mês passado, o presidente Lula (PT) demitiu militares escolhidos por Jair Bolsonaro (PL) para o GSI e nomeou outros 122 membros das Forças Armadas.
Em recente entrevista a CartaCapital, o cientista político Rodrigo Lentz, professor da Universidade de Brasília e autor de República de Segurança Nacional: militares e política no Brasil (Expressão Popular), avaliou que retirar a Abin das mãos do GSI é uma decisão acertada e promoverá o fortalecimento da democracia no País.
“A iniciativa vai ao encontro de sugestões de estudiosos da academia, pontuando que a inteligência civil tem de atender à sua finalidade: assessorar sobretudo na área de políticas públicas e na estabilidade dos Poderes constitucionais, sem a perspectiva de um inimigo interno”, declarou.
Apesar de as ações golpistas promovidas por bolsonaristas terem levado a uma “maior convergência” entre os Poderes, porém, desmilitarizar a Abin não será uma tarefa simples, segundo o pesquisador.
“Há uma reestruturação necessária para a retirada da agência do guarda-chuva dos militares que ficam na Presidência e, inevitavelmente, será necessário em algum momento dialogar com a inteligência militar”, ponderou. “O trabalho será árduo, mas o caminho está muito acertado.”
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