Política
A relação entre a fraude no cartão de vacinação de Bolsonaro e a tentativa de golpe, segundo a PF
A conexão entre os casos foi apontada pelo relatório que indiciou Bolsonaro, Cid e outras 15 pessoas pela fraude nos certificados de vacinação; ex-capitão integraria uma associação criminosa, diz o documento
O Relatório da Polícia Federal que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), nesta segunda-feira 18, pela fraude nos cartões de vacinação da Covid-19 aponta um possível elo entre o esquema de falsificação de documentos e a tentativa de golpe de Estado em 2022.
O documento produzido pelos investigadores, ao qual CartaCapital teve acesso, relacionou a data dos casos e explicou que a falsificação dos certificados de vacina pode ter sido realizada para uma possível fuga do ex-capitão e aliados durante a trama antidemocrática.
“O presente eixo [falsificação dos cartões] (…) pode ter sido utilizado pelo grupo para permitir que seus integrantes, após a tentativa inicial de golpe de Estado, pudessem ter à disposição os documentos necessários para cumprir eventuais requisitos legais para entrada e permanência no exterior (cartão de vacina), aguardando a conclusão dos atos relacionados a nova tentativa de Golpe de Estado que eclodiu no dia 8 de janeiro de 2023“, afirma o relatório.
O registro falso de vacinação de Bolsonaro contra a Covid foi inserido nos dados oficiais do governo brasileiro em 21 de dezembro de 2022. Em 30 de dezembro, na véspera do fim do mandato, Bolsonaro embarcou para o exterior. Ele passou mais de três meses nos Estados Unidos.
Nesse período, parte das Forças Armadas já teria desembarcado do plano golpista, logo, o grupo do ex-presidente escolheu deixar o País e, por medo de serem barrados, fraudaram os cartões de vacinação. De lá, Bolsonaro assistiu apoiadores, que teriam sido liderados por seus aliados, invadirem as sedes dos Três Poderes. A tentativa de golpe, no entanto, foi contida horas depois.
Segundo a PF, a mesma associação criminosa responsável pela fraude nos cartões de vacina seria a que orquestrou o golpe. O grupo, do qual Bolsonaro seria um integrante, de acordo com o relatório, promoveu também “ataques virtuais a opositores; ataques às instituições (STF, TSE), ao sistema eletrônico de votação e à higidez do processo eleitoral”. Tudo isso, diz a PF, ajudou a pavimentar o caminho para a tentativa de ruptura.
Além de Bolsonaro, outras 16 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal na investigação que apura o suposto esquema de falsificação de vacinas.
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