Economia

A posição do PT após a entrevista de Campos Neto ao Roda Viva

O partido não dará trégua ao presidente do Banco Central sem uma sinalização clara de que a taxa básica de juros vai cair

Campos Neto no Roda Viva. Foto: Nadja Kouchi/Divulgação
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A ofensiva de integrantes do PT contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, não vai arreferecer mesmo após a entrevista do economista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite segunda-feira 13.

Internamente, a avaliação é que uma trégua nas críticas só é possível com uma sinalização clara de que a taxa básica de juros (Selic) vai cair dos atuais 13,75% ao ano.

O Diretório Nacional do PT chegou a aprovar uma resolução que orienta as bancadas da Câmara e do Senado a convocarem Campos Neto para explicar a taxa básica de juros.

Deputados, no entanto, reconhecem a dificuldade já que precisariam do apoio de partidos que, apesar de aliados, não elevaram o tom contra o presidente do BC. Uma alternativa é a criação de uma Frente Parlamentar contra os juros altos, que deve ocorrer nesta terça-feira 14.

As medidas contam com o aval do governo federal e só foram iniciadas após a autorização do alto comando da gestão do presidente Lula (PT).

“É preciso que se mantenha sim uma campanha no País de contra os juros abusivos”, disse um deputado à reportagem. “O Brasil precisa de crescer pelo menos 2% neste ano e o Banco Central parece jogar contra essa necessidade”.

Na entrevista, Campos Neto reforçou que é contra uma mudança nas metas de inflação, pois uma alteração poderia ter o efeito contrário ao desejado sobre os juros.

“Se mudar a meta, vai ter o efeito contrário. O mercado vai pedir um prêmio de risco maior ainda”, afirmou o presidente do BC. “Em vez de ganhar flexibilidade, vai acabar perdendo flexibilidade. Não existe ganho de credibilidade aumentando a meta”.

Na quinta-feira 16, o Conselho Monetário Nacional (CMN) – que é formado pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad (PT), do Planejamento, Simone Tebet (MDB), e por Campos Neto – se reunirá e pode discutir a meta de inflação que, em 2023, é de 3,25% e nos dois anos seguintes é de 3%.

O governo  defende que uma meta de inflação baixa obriga o BC a subir mais os juros para controlar a inflação, o que atrapalharia a retomada do crescimento. O IPCA, no acumulado em 12 meses, encerrou janeiro a 5,77%.

No evento que comemorou os 43 anos do PT em Brasília, também na segunda-feira, a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, declarou que o Banco Central “corrobora com a mentira” de que o Brasil tem risco fiscal.

“Está na hora de enfrentarmos esse discurso mercadocrata dos ricos desse país, que temos risco fiscal. Qual risco? De não pagar a dívida? Mentira. Nossa dívida é toda em reais, numa proporção razoável do PIB. Ainda temos as reservas internacionais, deixadas pelo PT. Eles mentem, e o Banco Central, uma autarquia do Estado brasileiro corrobora com a mentira, impondo um arrocho de juros elevados ao Brasil. Isso tem que mudar”, discursou a dirigente partidária. “Temos um mercado antiquado, atrasado que não percebeu ainda as mudanças internacionais. E nos temos de parar de ter medo de debater política econômica, seja ela monetária, fiscal ou cambial e tentar nos acomodar ao que eles querem ou pensam”.

Já Lula citou os seus dois primeiros mandatos (2003-2010) como exemplos de um período de prosperidade do País. “Nós temos 13 anos de governo, um dos melhores momentos da história, quando banqueiro ganhou, empresário ganhou e trabalhador ganhou”, disse. “Mas agora eles lamentam que o Lula vai voltar”. 

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