Economia
Presidente do BC diz que taxa de juros nas alturas visa o ‘bem-estar social’
Campos Neto defendeu que mudar a Selic impactaria diretamente na vida dos mais pobres e, por isso, defendeu que a taxa siga em 13,75%; PT quer maiores explicações
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu a taxa básica de juros em 13,75% como uma forma de manter o bem-estar social. A afirmação foi feita em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira 13.
Segundo defendeu, manter a Selic nas alturas é a forma que ele encontrou para contribuir com os brasileiros mais pobres. A lógica, defende, é que ao manter a taxa em 13,75%, seguraria a inflação mais baixa. Na prática, porém, não é exatamente o que tem ocorrido.
“A nossa agenda toda do Banco Central é pensando no social. Então, a gente acredita que é possível fazer fiscal junto com o bem-estar social. Mas a gente acredita que é muito difícil ter bem-estar social e inflação descontrolada porque a inflação é um imposto que afeta muito a classe média baixa”, iniciou Campos Neto.
“A inflação gera uma diferença muito grande entre quem tem capacidade de proteger e quem não tem. Então, a gente entende que olhar para a inflação é olhar para o social também”, prosseguiu o chefe do BC.
Apesar de manter a Selic em 13,75%, a inflação segue acima da meta definida. Atualmente Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado dos últimos 12 meses é de 5,77%. Já a meta definida é de 3,25%, com teto de 4,75%. Na entrevista, Campos Neto afirmou que não vê com bons olhos mudar esses índices. A revisão da meta poderá ser discutida por parte do Conselho Monetário Nacional (CMN) na reunião desta quinta-feira 16.
“Se mudar a meta, vai ter o efeito contrário. O mercado vai pedir um prêmio de risco maior ainda. O que vai acontecer é o efeito contrário. Em vez de ganhar flexibilidade, vai acabar perdendo flexibilidade. Não existe ganho de credibilidade aumentando a meta”, argumentou o presidente do BC.
Nesta segunda, o Diretório Nacional do PT aprovou uma resolução que orienta as bancadas da Câmara e do Senado a convocarem Campos Neto para explicar a taxa de juros.
“Na medida em que a política do Banco Central mantenha sinais contraditórios com o projeto de desenvolvimento que venceu as eleições, que necessita da queda dos juros, nossos parlamentares vão ainda mais buscar informações, explicações, cobrar e fiscalizar, inclusive com possível convite ou convocação”, disse a CartaCapital a deputada federal Maria do Rosário (RS).
Sobre a convocação, Campos Neto disse que irá ao Congresso ‘quantas vezes for necessário’. “É meu trabalho, vou quantas vezes precisar”, disse. “Esse debate dos juros é importante. Eu vou explicar quantas vezes for necessário. Os juros são altos, e essa é uma questão legítima para a sociedade”.
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