Economia

A explicação de Campos Neto sobre sua presença em grupo de bolsonaristas

‘Espero nos próximos dois anos fazer amizades também’, afirmou o presidente do Banco Central em meio a críticas

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na TV Cultura. Foto: Nadja Kouchi/Divulgação
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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira 13 estar “aberto a trabalhar com o governo e colaborar”. A taxa básica de juros, em 13,75% ao ano, está no centro de críticas do presidente Lula (PT) ao comando da instituição.

“Entendo que existe pressa da parte do presidente Lula, que existe uma agenda social. Nossa agenda é muito social. O Banco Central precisa trabalhar com o governo e eu vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para aproximar o Banco Central do governo”, disse Campos Neto em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

Ele foi questionado diretamente sobre sua proximidade com representantes do governo de Jair Bolsonaro (PL). As críticas ganharam força depois de a fotógrafa Gabriela Biló, da Folha de S.Paulo, captar uma imagem em 10 de janeiro mostrando que o presidente do BC ainda integrava um grupo de WhatsApp intitulado “Ministros Bolsonaro”.

“Precisa diferenciar proximidade com algumas pessoas de independência de atuação. Em termos de atuação, foi a maior subida de juros em um ano eleitoral na história do Brasil”, alegou Campos Neto. Segundo ele, sua presença no chat dos ministros “tinha uma função informativa”.

“Saía algum dado nos Estados Unidos, eu colocava. Algumas vezes entrava em assuntos que achava que eram importantes para o Brasil. A própria compra da vacina da Pfizer, a parte do meio ambiente. Às vezes a gente acaba querendo ajudar em termos de políticas de Estado.”

Roberto Campos Neto ainda declarou que a eleição de 2022 foi “muito polarizada” e que é “importante reconhecer a legitimidade do resultado”.

“Na campanha houve uma tentativa de politizar o Pix, e eu sempre falava que o Pix não é de um governo, mas do Banco Central. Sempre atuei para tentar isolar o Banco Central do círculo político”, prosseguiu. “Isso não significa que ao longo de quatro anos você não fez amizade. Espero nos próximos dois anos fazer amizades também. Já vejo que tem umas pessoas com quem tenho mais proximidade.”

Apesar das críticas nos últimos dias, o Banco Central sinaliza a disposição de manter os juros elevados. Na ata da mais recente reunião do Copom, em 1º de fevereiro, a instituição mencionou “a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva”. Avaliou, porém, que o pacote fiscal do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “atenuaria os estímulos fiscais sobre a demanda, reduzindo o risco de alta sobre a inflação”.

Nesta segunda, o Diretório Nacional do PT aprovou uma resolução que orienta as bancadas da Câmara e do Senado a convocarem Campos Neto para explicar a taxa de juros.

“Na medida em que a política do Banco Central mantenha sinais contraditórios com o projeto de desenvolvimento que venceu as eleições, que necessita da queda dos juros, nossos parlamentares vão ainda mais buscar informações, explicações, cobrar e fiscalizar, inclusive com possível convite ou convocação“, disse a CartaCapital a deputada federal Maria do Rosário (RS).

Em 6 de fevereiro, Lula declarou não haver “justificativa nenhuma” para a Selic estar em 13,75%. “É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juro e a explicação que eles deram à sociedade brasileira”, avaliou o presidente.

Um dia depois, reforço nas críticas. O petista afirmou não ser possível que o País volte a crescer com a taxa nesse nível.

“Nós não temos inflação de demanda. É só isso. É isso que eu acho. Que esse cidadão [Campos Neto], indicado pelo Senado, tenha possibilidade de maturar, de pensar e de saber como vai cuidar deste País”, declarou. “Ele tem muita responsabilidade.”

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