Justiça
A justificativa de Tarcísio ao STF sobre lei que homenageia expoente da ditadura
A ministra Carmém Lúcia solicitou ao governador uma explicação sobre a deferência ao coronel Erasmo Dias


O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), defendeu em manifestação à ministra do Supremo Tribunal Federal Cármem Lúcia a lei promulgada em homenagem ao coronel Erasmo Dias, um expoente da ditadura militar.
“O homenageado foi deputado estadual por três legislaturas —1987/1991, 1991/1995 e 1995/1999— tendo sido eleito democraticamente e não se tendo qualquer notícia de condenação judicial por atos praticados por sua vida pública pregressa”, justificou o governador em peça encaminhada à magistrada nesta segunda-feira 4.
Segundo o bolsonarista, “reconhecer os limites da jurisdição constitucional, nesse sentido, é também prestigiar o Estado Democrático de Direito, visto que os resultados do processo de deliberação legislativa devem, como regra geral, ser corrigidos pela mesma via democrática e representativa”.
Carmen Lúcia solicitou a Tarcísio uma explicação no âmbito de uma ação direta de inconstitucionalidade encaminhada ao STF pelo Centro Acadêmico 22 de agosto, entidade representativa dos estudantes de direito da PUC-SP, e por PDT, PT e PSOL.
Na ação, os autores sustentam que a lei a prever que um viaduto em Paraguaçu Paulista seja rebatizado com o nome de Erasmo incorre em “em flagrante violação” aos fundamentos constitucionais da dignidade da pessoa humana e da cidadania, ao princípio democrático e ao objetivo fundamental da República de construir uma sociedade livre.
Erasmo Dias ficou conhecido por liderar a invasão à PUC em 1977, durante a ditadura, para prender estudantes. A ação resultou na detenção de 854 pessoas, levadas ao Batalhão Tobias de Aguiar. Delas, 92 foram fichadas no Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo e 42 acabaram processadas com base na Lei de Segurança Nacional, acusadas de subversão.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Partidos de esquerda e estudantes pedem revogação de homenagem do governo Tarcísio a Erasmo Dias
Por Ana Luiza Basilio
Cármen Lúcia manda Tarcísio explicar homenagem a expoente da ditadura
Por CartaCapital
Justiça manda governo Tarcísio suspender a liberação de material didático com erros
Por CartaCapital
Datafolha: 30% aprovam e 27% reprovam Tarcísio na cidade de São Paulo
Por CartaCapital
Em meio a promessas de bônus por Tarcísio e Feder, escola de SP maquia dados de presença
Por Camila da Silva