Política

2º turno: Lula ganha apoio do PDT, aguarda Tebet e acena para o PSD; Bolsonaro foca no Sudeste

O PSDB decidiu liberar diretórios; Rodrigo Garcia se alia ao presidente, enquanto tucanos históricos vão com o petista

Lula e Jair Bolsonaro. Fotos: Ricardo Stuckert e Silvio Avila/AFP
Apoie Siga-nos no

Líder do primeiro turno da eleição presidencial, Lula (PT) iniciou a segunda etapa da campanha na busca por novos aliados a fim de derrotar, mais uma vez, Jair Bolsonaro (PL).

Nesta terça-feira 4, ele recebeu o apoio institucional do PDT e um aceno tímido de Ciro Gomes. Enquanto o anúncio da legenda apresentou até uma espécie de slogan – “12 + 1” -, o comunicado do ex-presidenciável sequer mencionou o nome de Lula.

“Gravo este vídeo para dizer que acompanho a decisão do PDT [de apoiar Lula no segundo turno]. Frente às circunstâncias, é a última saída. Lamento que a trilha democrática tenha se afunilado a tal ponto que restem aos brasileiros duas opções, ao meu ver, insatisfatórias”, disse Ciro em um vídeo publicado nas redes sociais.

No primeiro turno, Lula obteve 48,4% dos votos válidos, ante 43,2% de Bolsonaro. Ciro terminou na quarta posição, com 3%, atrás também de Simone Tebet (MDB), que recebeu 4,1%.

Agora, o petista aguarda, também, o apoio de Simone, com quem deve se encontrar ainda nesta semana. Ainda no domingo 2, ela afirmou que não se omitiria na disputa entre Lula e Bolsonaro e cobrou os partidos de sua coligação. A tendência é de que o MDB libere seus diretórios.

“Não esperem de mim omissão. Tomem logo a decisão, porque a minha já está tomada”, avisou, em pronunciamento. “Eu tenho lado e vou me pronunciar no momento certo. Este não é qualquer momento no Brasil.”

Lula admitiu nesta terça ter conversado por telefone com Simone, mas frisou a necessidade de o contato inicial ocorrer de forma institucional – ou seja, entre as cúpulas partidárias.

Ele também reforçou a confiança de contar com alas do PSD, de Gilberto Kassab – sigla que endossa em São Paulo Tarcísio de Freitas, adversário de Fernando Haddad (PT) no segundo turno. Lula deve se reunir com senadores pessedistas na próxima quinta-feira 6.

À noite, Kassab divulgou uma nota para informar que “realizou uma consulta às lideranças do partido que apontou a manutenção da neutralidade do PSD no segundo turno”. Assim, diz o texto, “as lideranças, parlamentares e filiados estão liberados para definirem seus apoios”.

Dois partidos que compunham a coligação de Simone tomaram decisões hoje. O Cidadania anunciou apoio a Lula “diante dos riscos de escalada autoritária de um segundo mandato do presidente Jair Bolsonaro”. A CartaCapital, o presidente do partido, Roberto Freire, declarou não ter imposto “condicionantes” para se aliar ao petista.

O PSDB, por outro lado, decidiu liberar seus diretórios estaduais para se alinhar a Lula ou a Bolsonaro. Antes mesmo de o partido divulgar o comunicado, o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, já havia confirmado que dará “apoio incondicional” à reeleição de Bolsonaro no segundo turno.

Por outro lado, quadros históricos do PSDB, como os senadores Tasso Jereissati (CE) e José Serra (SP) e o ex-senador Aloysio Nunes (SP), declararam voto em Lula.

Bolsonaro também conseguiu nesta terça o apoio do governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). O governador reeleito do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), também reforçou sua aliança com o presidente. Zema e Castro se reuniram com Bolsonaro em Brasília.

Em São Paulo, Bolsonaro venceu Lula no primeiro turno por 47,71% a 40,89%. No Rio, a vantagem do presidente foi de 51,09% a 40,68%. Em Minas, o petista triunfou por 48,29% a 43,6%.

Bolsonaro afirmou nesta terça que vai dedicar cerca de 40% de seu tempo na disputa de segundo turno a conquistar votos no Sudeste. A expectativa dele é ter mais 1 milhão de votos no Rio, além dos que já teve no primeiro turno, e aumentar em 3 milhões seu contingente em Minas.

No Sudeste como um todo, Bolsonaro venceu por 47,6% dos votos, contra 42,6% de Lula.

“Também pretendemos uma atenção especial ao Nordeste, que não teve a informação na ponta da linha do que nós fizemos pelos nordestinos”, disse ainda o ex-capitão nesta terça.

O dia também foi marcado pelo anúncio de apoio a Bolsonaro por Sergio Moro, senador eleito pelo União Brasil do Paraná.

Como juiz, ele abriu caminho para a retirada de Lula da disputa pela Presidência em 2018, ao condená-lo no âmbito da Lava Jato – a sentença seria, anos depois, anulada pelo Supremo Tribunal Federal e Moro teria sua suspeição reconhecida pela Corte.

Após a vitória de Bolsonaro sobre Fernando Haddad (PT), o ex-magistrado serviu ao governo como ministro da Justiça e da Segurança Pública até abril de 2020, quando pediu exoneração e acusou o presidente de tentar interferir na Polícia Federal.

“Lula não é uma opção eleitoral, com seu governo marcado pela corrupção da democracia. Contra o projeto de poder do PT, declaro, no segundo turno, o apoio para Bolsonaro”, escreveu Moro nas redes sociais nesta terça. Logo depois, questionado sobre a decisão do ex-juiz, Bolsonaro afirmou que “as divergências ficaram no passado”.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo