Opinião

Faltam-me ofensas para esclarecer o que acontece ao País

‘Além do vírus, criamos vermes que proliferam mantidos em meio à cultura do mal’, escreve Rui Daher

O presidente Jair Bolsonaro durante caminhada pela orla da Praia Grande (Foto: Reprodução)
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O ano passado trouxe ao planeta um vírus letal que será inesquecível nesta e em futuras gerações. Mesmo com o rápido desenvolvimento tecnológico das vacinas, os cientistas não sabem como nos garantir proteção total. Esperamos que o consigam, como já ocorreu no passado, quando as pesquisas eram menos avançadas.

No atual ciclo do capitalismo, a concorrência econômica entre grandes conglomerados farmacêuticos e as políticas públicas rasteiras pouco nos deixam confiantes do futuro, em mutações e reincidências.

Aos religiosos restam as orações, embora os deuses pareçam não existir ou andam decepcionados com o comportamento dos terráqueos. No Brasil, da Federação de Corporações, o caso parece mais grave. Além do vírus, criamos vermes que proliferam mantidos em meio à cultura do mal.

Vêm-me as imagens de Praia Grande, na Baixada Santista, onde ínclitos brucutus instrumentalizavam grupos de banhistas a ovacionar o Regente Insano Primeiro (RIP), seu clã, acólitos e apoiadores. Faltam-me ofensas para esclarecer o que acontece ao País depois que Jair Messias Bolsonaro foi eleito presidente do Brasil. Não por mim, claro.

Avisei e, inteligentes, avisamos. Pode parecer supremacia intelectual. É. Nunca seria assim tão ingênuo, iletrado, ganancioso e descuidado com os direitos de minorias ou diversidades. Longe de mim ofendê-los, mas o faço. Merecem.

Pior 1. Passados dois anos de mandato, representativa parcela da população o avalia bem. Não percebe estar diante de um despreparado para o cargo, em liturgia e ações. O pífio histórico, hoje em dia, se mostra claro. Suas reações diante da pandemia pelo coronavírus caracterizam sinais de demência. E qual o destino de pessoas assim doentes?

Quem são os 37% incógnitos, birutas ou biritas, que segundo o Datafolha, atenderam ao telefone e consideraram ótimo ou bom o governo do RIP? Como foram feitas as perguntas? Tanto cotidiano de besteiras, nem mesmo a avaliação de 29% para “regular” é razoável.

Pior 2. A constatação de que 58% do empresariado nacional aprovam Jair e seu Posto Ipiranga, depois do contundente editorial da Folha de São Paulo, acusando o governo federal de genocídio, descaso e incompetência no combate à pandemia, finalmente, não mostraria o desconhecimento de um País feudal, da Casa Grande, nem democrata e capitalista? Arremedo de desenvolvimento.

Pior 3. O Insano ainda insiste em fazer chacotas e desafiar as medidas de prevenção. Para ele, máscaras, álcool em gel, isolamento social, são mitos que já caíram ou ainda irão cair, um a um. Torce por um desempate macabro. Quem esse imbecil? Meu primeiro texto (2005) em publicações digitais foi no Montbläat, samizdat do saudoso amigo e jornalista Fritz Utzeri (1945-2013). Seu
slogan: “se você entendeu o Brasil, por favor, conta pra gente”. Imagino quão confuso e bravo ele estaria agora.

São várias as explicações nos apresentadas todos os dias, com inteligência, por muitos estudiosos. Nunca, no entanto, alcançam a imbecilidade do Insano, de Mourão, ou a pedra preciosa Onix, Ricardo Salles – ambientalista de asfalto, Ernesto “Trump Forever” Araújo , a genial e pândega Damares, o astronauta Pontes.

Pouco sei controlar as risadas. Nem o faço. Seria colaborar com o fim de um país de grande futuro.

O que mais me incomoda? Ninguém saber para onde o Brasil está indo. Amigos próximos, com quem me esperançava, porra, não foram para as ruas, envoltos pela bandeira do Brasil, babás e bebês em carrinhos chiques?

Pois é. Nunca se foderão mais do que os miseráveis em Itapevi e Paraisópolis, restringindo-me a São Paulo, mas nesta última Andança Capital, ignorado que sou, geral em todo o País.

Inté!

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