Sergio Takemoto

Presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae)

Opinião

A união dos trabalhadores e a luta dos empregados da Caixa

Trinta e oito anos depois, comemorar a Greve das Seis Horas também é mostrar resistência

Registro da Greve das Seis Horas, promovida por trabalhadores da Caixa. Foto: Arquivo
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A história do movimento trabalhista no Brasil é marcada pela luta constante por direitos e condições dignas de trabalho, desde 1943, com a conquista da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). A mobilização dos trabalhadores desempenha um papel crucial, pilar para a manutenção e a conquista de direitos trabalhistas no País. Nesse sentido, as lutas dos bancários, em especial os da Caixa, são marcadas por uma longa história de conquistas, que se refletem nos direitos que os trabalhadores possuem hoje.

Ao se resgatar esta história, a mobilização dos bancários certamente está como uma das mais presentes. E foi em uma dessas lutas que os empregados da Caixa conquistaram alguns dos seus principais direitos: a efetivação da jornada de seis horas, o direito à sindicalização e o reconhecimento da condição de bancário. Antes de 1985, os trabalhadores da Caixa tinham jornada de oito horas diárias e eram reconhecidos como economiários, diferente do que acontecia com outros bancos.

A mobilização de 30 de outubro de 1985 foi histórica e contou com a participação da Fenae, recém-criada, com apenas 14 anos. A Greve das Seis Horas, como ficou conhecida, paralisou agências da Caixa de todo o País ao conseguir a adesão de praticamente 100% dos empregados. À época, o banco público contava com pouco mais de 40 mil trabalhadores. Sensibilizar todas essas pessoas foi difícil de ser alcançado naquela época, tempos finais da ditadura militar.

A Greve das Seis Horas deixou um legado para os empregados da Caixa. A organização e a união dos trabalhadores resultaram em mudanças estruturais no banco, com a aprovação da Lei 4.111-4, que estabeleceu a jornada de seis horas diárias. Além disso, fortaleceu as associações e sindicatos, ao modificar o parágrafo único do artigo 556 da CLT, garantindo o direito à sindicalização, consolidando assim a voz dos trabalhadores.

Histórias como essa nos ajudam a desenhar a relevância da mobilização da classe trabalhadora. A união promove conscientização, fortalece a negociação coletiva e exerce pressão política. Por meio da união, os trabalhadores da Caixa resistiram e resistem até hoje à precarização do trabalho e aos ataques aos direitos conquistados com tanta luta.

Em um mundo pós-pandêmico no qual vivemos, o debate sobre a união dos trabalhadores tem se fortalecido. Olhar para trás e ver o esforço da classe trabalhadora é reavivar o espírito coletivo de luta. Trinta e oito anos depois, comemorar a Greve das Seis Horas também é mostrar resistência. É deixar claro que a Caixa é hoje o maior banco público da América Latina graças à união dos empregados.

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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