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Vitória de Pirro

A direita obtém mais votos, mas não consegue maioria para formar um governo. Os extremistas do Vox encolhem

Surpresa. Feijóo está limitado pela aliança com o extremista Abascal. Apesar de ter obtido menos votos, o PSOE de Sánchez ganhou a oportunidade de permanecer no poder – Imagem: Eva Ercolanesse/PSOE, Vox Espanha e David Mudarra/PP
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Nunca uma derrota foi tão comemorada. E nunca uma vitória teve gosto tão amargo. Melhor para os espanhóis. E para o resto do planeta. Em um resultado distinto daqueles projetados pelas pesquisas, o PP, tradicional legenda de centro-direita, obteve mais votos, mas não extraiu das urnas, no domingo 23, a margem folgada para formar um novo governo. Não só. O Vox, partido de extrema-direita que reivindica a herança do franquismo e sentia o gosto ou, como dizem os torcedores do Flamengo, o “cheirinho” do poder, viu o sonho de uma noite de verão virar pesadelo. A agremiação ficou menor: terá 32 deputados na futura legislatura, ante os 52 atuais. Juntos, PP e Vox terão 169 parlamentares, sete aquém do necessário para formar uma maioria. “O bloco reacionário, de retrocesso, que propunha a revogação dos avanços alcançados nestes quatro anos, fracassou”, comemorou o atual primeiro-ministro socialista, Pedro Sánchez, um sobrevivente.

No fim, contra tudo e todos, Sánchez optou por uma jogada de pôquer e não pôde reclamar da fortuna. Após a contundente derrota nas eleições regionais de maio, quando os adversários do PP amealharam oito das 12 regiões do país, o líder do PSOE decidiu convocar eleições antecipadas, para temor dos aliados. “Cabe ao povo tomar a palavra e decidir o rumo político do país”, justificou o primeiro-ministro na ocasião. “Assumo em primeira pessoa esses resultados e acredito ser importante submeter nosso mandato democrático à vontade popular.” Sánchez parecia então o único a acreditar na racionalidade dos eleitores e, por pouco, muito pouco, as urnas no domingo não lhe deram razão. Os socialistas, também na contramão de quase todas as projeções, saíram ligeiramente maiores. Ganharam duas cadeiras em relação à disputa de 2019 e somam agora 122 deputados. Ao lado do bloco de esquerda Sumar, chegam a 153 posições. Embora tenha 16 parlamentares a menos, Sánchez, dada a fragmentação partidária, terá mais condições de negociar uma nova maioria que garanta sua permanência à frente do governo do que Alberto Nuñez Feijóo, líder do PP, tomar o seu lugar.

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