O jornal Clarín divulgou, na última quinta-feira 17, a primeira pesquisa de intenção de votos para a eleição presidencial na Argentina, após os resultados das primárias ocorridas no último domingo 13. O primeiro turno da eleição está marcado para acontecer no dia 22 de outubro. O periódico mostrou que o candidato da extrema-direita, Javier Milei, lidera a preferência entre o eleitorado, apesar da alta rejeição à sua imagem.
A responsável pelo levantamento foi a CB Consultora Opinión Pública. A pesquisa buscou captar o ‘potencial eleitoral’ dos candidatos, formando um piso e um teto de intenção de votos.
Por isso, as opções apresentadas aos entrevistados foram as seguintes:
1) com certeza escolherão determinado candidato;
2) poderiam escolher determinado candidato; e
3) nunca escolheriam determinado candidato.
A soma das duas primeiras opções, segundo a pesquisa, forma o teto eleitoral do candidato. Por outro lado, a terceira opção busca medir a rejeição.
Nesse cenário, 26,5% dos entrevistados disseram que ‘com certeza’ vão votar em Javier Milei. Outros 25,5% disseram que ‘poderiam votar’ no economista. Dessa forma, o potencial eleitoral dele chega a 52 pontos percentuais. Sobre o candidato, que se define como ‘anarcocapitalista’, 41,2% disseram que ‘nunca votariam’ nele. Outros 6,7% não souberam ou não responderam.
Com base nos mesmos conceitos apresentados acima, a candidata Patricia Bullrich, da coligação Juntos por el Cambio, somou um teto de votos de 47,4% (18,5% de voto certo + 28,9% de ‘poderia votar’). Por outro lado, 45% dos entrevistados disseram que nunca votariam em Bullrich. Outros 5,6% não souberam ou não responderam.
O atual ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, tem potencial eleitoral de 34,9% (18,6% de voto certo + 16,3% de ‘poderia votar’). Sua rejeição é uma das mais altas entre os candidatos à presidência (59,5% dos entrevistados disseram que ‘jamais votariam’ nele). Outros 5,6% não souberam ou não responderam.
Depois deles, os candidatos mais bem colocados são Juan Schiaretti, da coligação peronista Hacemos por Nuestro País, e Myriam Bregman, da coalizão Frente de Izquierda y de Trabajadores. Schiaretti soma 25,9% de potencial eleitoral (4,9% de ‘voto certo’ + 21,8% de ‘poderiam votaram) e 50,7% de rejeição, enquanto Bregman tem um ‘teto eleitoral’ de 15,7% (2,6% de ‘voto certo’ + 21,8% de ‘poderiam votar) e 60,9% de rejeição entre os entrevistados.
Que imagem os argentinos têm dos candidatos
A pesquisa buscou captar como os eleitores argentinos avaliam as imagens dos presidenciáveis. Também nesse quesito, somando percentuais positivo e negativo, lidera Milei. Embora o fato de Milei possuir uma imagem mais negativa do que positiva possa ser encarado como um desafio à sua campanha.
O economista foi avaliado positivamente por 44,5% dos entrevistados. O patamar, porém, ficou abaixo daquele que representou as pessoas que disseram ter uma imagem negativa dele: 45,6%.
Já Bullrich possui uma imagem positiva para 40,9% dos entrevistados. A sua imagem negativa, porém, supera bastante a primeira opção, ficando em 51,8%. Em terceiro lugar, o ministro da Economia, Sergio Massa, é o que apresenta a maior diferença entre imagem positiva e negativa: apenas 26,9% dos entrevistados disseram ter uma imagem positiva do candidato, enquanto 69% afirmaram que a imagem que possuem dele é negativa.
Para 21,4% dos entrevistados, a imagem de Schieretti é positiva, enquanto 39,5% disseram que a sua imagem é negativa. Sobre Bregman, 11,1% dos eleitores disseram que a sua imagem é positiva, enquanto 44,8% disseram ter uma imagem negativa dela.
Avaliação do governo
A pesquisa também mostrou, em sintonia com outras avaliações já divulgadas, a alta rejeição dos argentinos ao governo do presidente Alberto Fernández. Os índices captados foram os seguintes: 74,7% desaprovam o ‘trabalho do governo nacional’, enquanto 17,% disseram que o aprovam. Outros 7,8% não souberam responder.
A Argentina vive uma crise econômica marcada por altos índices de inflação, juros e pobreza. O cenário decorre, principalmente, da perene desvalorização do peso argentino, a moeda nacional. Questões referentes ao empréstimo que o país tem com o FMI, bem como problemas resultantes de uma seca na Argentina, contribuem para o quadro.
A pesquisa CB Consultora Opinión Pública foi realizada entre 14 e 16 de agosto, logo após as primárias argentinas. Ouviu 4.340 pessoas. A margem de erro é de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos.
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