Mundo
Metaverso será viciante e roubará mais dados, diz denunciante do Facebook
O sistema foi anunciado pelo empresário americano Mark Zuckerberg após um apagão nas redes sociais


A cientista de dados Frances Haugen afirmou que o Metaverso, novo projeto do Facebook, será “viciante” e roubará mais dados. A declaração foi dada em uma entrevista à agência AP News, divulgada nesta terça-feira 9.
Frances Haugen trabalhava para a rede social do americano Mark Zuckerberg e denunciou práticas irregulares da empresa ligadas à gestão de informações privadas dos usuários e à moderação de conteúdos problemáticos.
Após a cientista ter levado a público críticas graves às políticas do Facebook e a rede social ter sofrido um apagão, Zuckerberg anunciou, em 28 de outubro, a fundação de uma “empresa-mãe” chamada Meta, que deve constituir novas tecnologias para os aplicativos ligados à marca.
À AP News, Haugen disse que Zuckerberg decidiu anunciar o Metaverso para mudar a repercussão negativa que envolve o Facebook nos últimos meses. Segundo o empresário, a tecnologia permitirá reuniões com realidade mista, em que participantes presentes poderão interagir com avatares.
A cientista de dados Frances Haugen. Foto: John Thys/AFP
Para Haugen, o ambiente imersivo prometido pela nova plataforma pode exigir que os usuários coloquem muito mais sensores em suas casas e locais de trabalho, o que pode aumentar forçosamente a cessão de dados e de privacidade.
“Se seu empregador decidir que agora é uma empresa metaversa, você terá que fornecer muito mais dados pessoais a uma rede social que demonstrou que mente sempre que é o melhor interesse dela”, declarou a cientista. “Eles continuam fazendo coisas que priorizam os seus próprios lucros em vez de nossa segurança.”
A cientista pontua ainda que os sistemas do Facebook amplificam o ódio e o extremismo por meios virtuais, sem garantias de proteção a jovens contra conteúdos nocivos e sem a intenção de resolver o problema.
O Facebook, que chega a pelo menos três bilhões de pessoas no mundo, nega que esteja colocando os lucros acima da segurança, diz planejar gastos acima de 5 bilhões de dólares na área e afirma que mais de 40 mil funcionários são voltados para a segurança dos usuários.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.