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Em Haia, ministro palestino acusa Israel de promover guerra ‘por vingança’

No Tribunal Penal Internacional, Riyad al-Maliki argumentou que um cessar-fogo era “essencial” para transportar ajuda humanitária para o território

Riyad al-Maliki, Ministro das Relações Exteriores e Expatriados do Estado da Palestina
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Presente em Haia, onde se reuniu na quarta-feira (25) com representantes ​​do Tribunal Penal Internacional (TPI), Riyad al-Maliki considerou que a solução de dois Estados era “mais relevante do que nunca”. “Será difícil, mas não impossível. Qual seria a alternativa? Não temos alternativa”, disse ele.

Al-Maliki considerou que “a guerra que Israel trava é diferente” dos conflitos anteriores. “Desta vez, é uma guerra de vingança”, afirmou. “Esta guerra não tem outro objetivo real senão a destruição total de cada canto que ainda é habitável em Gaza”, declarou ele aos jornalistas.

Israel anunciou que entrou na Faixa de Gaza com tanques para “preparar o campo de batalha” para uma ofensiva terrestre, no 20º dia da guerra contra o Hamas. O confronto já deixou mais de 7 mil mortos em Gaza, segundo o movimento palestiniano Hamas.

“Primeiro temos de pôr fim a esta agressão unilateral e depois temos de pedir um cessar-fogo”, disse o diplomata, considerando a trégua nos combates “essencial para a distribuição da ajuda humanitária”.

O braço armado do movimento palestino anunciou, por sua vez, que “cerca de 50” reféns israelenses detidos na Faixa de Gaza morreram em consequência dos bombardeios israelenses desde o início da guerra deflagrada em 7 de outubro. A informação não pôde ser verificada por uma fonte independente.

A guerra começou depois do ataque inédito do Hamas em Israel, que deixou mais de 1,4 mil mortos, segundo as autoridades israelenses.

Investigação do TPI

Após dias de negociações entre os Estados-membros da União Europeia, o último projeto de declaração da cúpula não repete a exigência da ONU de um “cessar-fogo”, mas simplesmente menciona “pausas” humanitárias para entregar ajuda à Faixa de Gaza.

Para al-Maliki, que antecipa uma declaração final neste sentido, isso “não ajudará a trazer” os recursos necessários para Gaza.

Segundo ele, “a situação em Gaza é tão perigosa agora que é imediatamente necessária uma intervenção do procurador do TPI”. O diplomata salientou que a Autoridade Palestina está “trabalhando” com Karim Khan e fornecendo “todas as informações para que possa agir”.

O gabinete de Khan disse, no início deste mês, que estava “recolhendo continuamente informações” para apoiar a investigação sobre a situação nos territórios palestinos. O TPI abriu uma investigação formal em 2021 na região, incluindo alegados crimes cometidos pelas forças israelenses, pelo Hamas e por outros grupos armados palestinos.

A Promotoria indicou então que “estabeleceu uma equipe dedicada a fazer avançar a investigação em relação à situação no Estado da Palestina”.

Criado em 2002, o TPI é o único tribunal internacional independente que investiga crimes de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Israel, que não é membro do TPI, recusou-se a cooperar com a investigação ou a reconhecer a sua jurisdição.

Tanques em Gaza

O Exército de Israel anunciou nesta quinta-feira que realizou uma “operação seletiva” com tanques e infantaria durante a noite na Faixa de Gaza, uma preparação para a incursão terrestre no território palestino controlado pelo Hamas.

A provável ofensiva preocupa a comunidade internacional, que teme um aumento dramático do número de vítimas civis no pequeno enclave, que tem 2,4 milhões de habitantes.

Durante a noite, o Exército fez “uma operação seletiva com tanques no norte da Faixa de Gaza, como parte dos preparativos para as próximas fases de combate”, anunciou um comunicado militar. “Os soldados deixaram a área ao final da atividade”, acrescenta a nota.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou na quarta-feira (25) à noite que, em conjunto com os intensos bombardeios contra Gaza, “estamos preparando uma ofensiva terrestre”. Imagens de vídeo divulgadas pelo Exército mostraram uma coluna de veículos blindados e escavadeiras que atravessam o que parece ser uma cerca de fronteira.

Israel, que bombardeia a Faixa de Gaza de modo incessante, também submeteu o território a um “cerco total”, o que priva seus moradores de água, alimentos e energia elétrica. Diante dos apelos internacionais para moderar a campanha de bombardeios, Netanyahu anunciou que prosseguirá com os planos para uma guerra terrestre, para cumprir seu objetivo de “aniquilar” o grupo Hamas.

Depois de destacar que o país provoca uma chuva de “fogo infernal sobre o Hamas” e matou “milhares de terroristas”, Netanyahu afirmou que seu gabinete de guerra e seu Exército decidirão o momento da “ofensiva terrestre”.

O presidente da França, Emmanuel Macron, advertiu na quarta-feira, em uma visita ao Egito, que “uma intervenção em larga escala que coloque em risco a vida da população civil (…) é um erro”.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi outro líder que pediu a Israel para “proteger os civis inocentes” em sua campanha contra o Hamas. “Quando a crise terminar, deve haver uma visão do que acontecerá depois”, disse Biden na quarta-feira, reiterando o apoio a uma solução de dois Estados, um palestino e um israelense.

(Com informações da AFP)

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