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China suspende crédito de US$ 6,5 bilhões com a Argentina; entenda o impacto da decisão

País asiático cobra sinais concretos de aproximação do novo governo Milei

Foto: JUAN MABROMATA / AFP
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A China decidiu dar um importante passo atrás na sua relação cambial com a Argentina. A decisão ocorre após o aprofundamento da tensão entre os dois países, promovida pela nova política externa do presidente do país sul-americano, Javier Milei.

De acordo com informações do jornal argentino Página 12, Pequim decidiu suspender o crédito swap concedido à Argentina. O valor, que tinha sido acordado ainda durante o governo do ex-presidente Alberto Fernández, totaliza cerca de 6,5 bilhões de dólares.

De acordo com a publicação, o congelamento será mantido até novo aviso. A matéria aponta que a China cobra algum sinal de aproximação concreta entre o novo governo Milei e a China.

A importância do swap cambial e os motivos da suspensão

O acordo com a China é especialmente importante para a Argentina, que, endividada, tem nessa fórmula uma das poucas opções de crédito internacional. 

No último mês de novembro, por exemplo, o governo argentino utilizou o swap cambial para pagar parte (2,6 bilhões de dólares) da dívida que tem com o Fundo Monetário Internacional (FMI), contraída ainda durante o governo do ex-presidente Mauricio Macri

No acordo entre os dois países, a China exige, por exemplo, que a Argentina tenha um “acordo programático” com o FMI. Acontece que, com problemas econômicos, de reservas e o déficit fiscal, o país sul-americano enfrenta dificuldades para cumprir as metas estabelecidas nesse tratado. 

Também na negociação, há uma cláusula que trata particularmente do relacionamento político e diplomático entre os dois países. Em outros termos, determina que sinais de reciprocidade sejam dados entre ambos.

Acontece que o novo presidente Argentino, desde quando era candidato, utilizou a China como alvo retórico. Em várias oportunidades, Milei chegou a dizer que não negociaria com países “comunistas”, defendendo uma relação mais estreita com Estados Unidos e Israel.

As coisas começaram a mudar de rumo quando Milei foi eleito e, principalmente, após assumir a Casa Rosada, no último dia 10. 

Logo após a cerimônia de posse, a nova ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino, promoveu uma reunião com o enviado de Xi Jinping à Argentina, Wu Weihua, que é vice-presidente do Conselho Permanente da Assembleia Popular da China.

Na primeira semana como presidente, Milei chegou a enviar uma carta a Xi Jinping pedindo apoio no processo de renovação do swap cambial. Aparentemente, aponta a publicação argentina, o novo governo do ultradireitista terá que mostrar sinais mais claros de aproximação. 

De acordo com o jornal argentino El Cronista, especializado na área financeira, o embaixador da China em Buenos Aires, Wang Wei, foi cobrado pelo fato de que o governo Milei ainda não designou um embaixador no país asiático. Tudo isso, aponta a publicação, pesa contra Milei.

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