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Milei anuncia decreto de desregulação da economia e abre caminho para privatizações

O anúncio ocorreu horas depois do primeiro grande protesto contra o governo do ultradireitista

Foto: Presidência da Argentina/AFP
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O presidente da Argentina, Javier Milei, anunciou nesta quarta-feira 20 uma série de modificações e revogações a serem formalizadas em um Decreto de Necessidade e Urgência.

Entre outras medidas, ele confirmou as revogações da lei de aluguéis, do observatório de preços do Ministério da Economia e dos regulamentos que impedem a privatização de empresas públicas.

“Essas reformas – mencionei apenas 30 das mais de 300 incluídas – são algumas das contempladas no decreto. O objetivo é iniciar o caminho de reconstrução do país”, afirmou o ultradireitista em um discurso transmitido por rádio e televisão.

Também estão na lista a transformação de todas as empresas do Estado em sociedades anônimas para privatização, a reforma do Código Aduaneiro para facilitar as exportações e a autorização para transferência do pacote total ou parcial de ações da companhias aéreas argentinas.

Durante o pronunciamento, no Salão Branco da Casa Rosada, Milei esteve acompanhado por todos os seus ministros. A gravação, exibida às 21h, terminou às 15h30. Logo após encerrar o vídeo, o presidente se dirigiu ao Departamento Central da Polícia Federal, onde acompanhou nas câmeras o primeiro grande protesto popular contra seu governo.

Manifestantes do Polo Operário e do Movimento Socialista dos Trabalhadores marcharam até a Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, sede da Presidência.

O trajeto pelo centro de Buenos Aires foi acompanhado por agentes da Polícia da Cidade, da Polícia Federal, da Polícia Federal Aeroportuária e da Gendarmeria, que tinham como ordem não permitir que os manifestantes bloqueassem ruas e interrompessem totalmente o tráfego.

Duas pessoas foram detidas por supostos confrontos com policiais, segundo o jornal La Nación.

Nos últimos dias, a gestão de Milei anunciou um protocolo para sufocar as mobilizações populares, ameaçando cortar os benefícios sociais de manifestantes que bloquearem vias ou pontes.

Na semana passada, a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, já havia prometido usar “força proporcional à resistência” ao lidar com bloqueios nas ruas. “Se ocuparem as ruas, haverá consequências. Vamos ordenar o país para que as pessoas possam viver em paz.”

Logo após a posse, o governo de Milei decretou uma desvalorização do peso de mais de 50% e apresentou um plano de ajuste fiscal que elimina subsídios ao transporte e aos serviços públicos de energia, além de paralisar as obras de infraestrutura financiadas pelo Estado e cortar os repasses às províncias.

Os atos de rua nesta quarta-feira também lembraram o aniversário dos protestos de 19 e 20 de dezembro de 2001, que deixaram 39 pessoas mortas no auge da pior crise econômica, social e política da história recente da Argentina.

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