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Primeiro protesto contra Milei em Buenos Aires tem forte esquema policial e detenções

O ponto alto é a concentração na Praça de Maio, no centro da capital, tradicional palco de mobilizações populares

Policiais tentam retirar manifestantes de uma via em Buenos Aires, em 20 de dezembro de 2023. Foto: Luis Robayo/AFP
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O primeiro grande protesto de rua contra o governo de Javier Milei na Argentina teve repressão policial em Buenos Aires, especialmente quando agentes tentaram forçar o recuo de manifestantes para a calçada, a fim de desobstruir uma via.

Nos últimos dias, a gestão de Milei anunciou um protocolo para sufocar as mobilizações populares e tentar evitar a obstrução de ruas. O governo ameaçou cortar os benefícios sociais de manifestantes que bloquearem vias ou pontes.

Segundo o jornal La Nación, integrantes do movimento Polo Obrero e de outras organizações sociais entraram em confronto com a polícia na capital argentina. Duas pessoas foram detidas, de acordo com o jornal.

Milei e sua ministra da Segurança, Patricia Bullrich, acompanham a operação direto da sede do Departamento Central da Polícia Federal.

O ponto alto do protesto é a concentração na Praça de Maio, no centro de Buenos Aires, tradicional palco de mobilizações populares. No trajeto até a praça, passando pela Diagonal Sul, manifestantes tomaram toda a vida e bloquearam o trânsito, desafiando as ameaças do governo aos gritos de “fora, Bullrich”.

Policiais durante protesto em Buenos Aires, em 20 de dezembro de 2023. Foto: Luis Robayo/AFP

“Não vamos permitir que venham com protocolo para nos pressionar”, disse Vilma Ripoll, ex-deputada, ao jornal La Nación. “Eles querem que saiamos daqui e subamos pela calçada. Somos 15 mil.”

A marcha desta quarta é promovida por movimentos e organizações que se articulam no bloco Unidad Piquetera. A data não é aleatória e marca a lembrança de 20 de dezembro de 2001, dia em que manifestações paralisaram o país – naquele ano, Fernando De La Rúa renunciou à Presidência, após a mais grave crise econômica e social da história da Argentina.

Na semana passada, Bullrich prometeu usar “força proporcional à resistência” ao lidar com bloqueios nas ruas. “Se ocuparem as ruas, haverá consequências. Vamos ordenar o país para que as pessoas possam viver em paz.”

Entre os itens do protocolo anunciado pela ministra estão:

  • as quatro forças federais, com o reforço do serviço penitenciário federal, intervirão diante de  bloqueios, sejam parciais ou totais. “A lei não é aplicada pela metade”, afirmou a ministra;
  • os agentes usarão uma força proporcional à resistência;
  • o governo promete identificar autores e instigadores dos bloqueios;
  • um juiz competente será notificado em caso de danos ambientais durante as manifestações;
  • haverá sanções a quem levar menores de idade aos bloqueios;
  • os custos ligados às operações de segurança serão cobrados das organizações ou dos indivíduos responsáveis;
  • haverá um registo das organizações que participam desse tipo de protesto e que agem como porta-vozes das manifestações.

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