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Rússia confirma que chefe da milícia Wagner estava em avião que caiu

A aeronave faria o voo entre Moscou e São Petersburgo, nesta quarta-feira 23

Prigozhin, fundador do Wagner, em uma das suas últimas imagens divulgadas. Foto: AFP PHOTO / TELEGRAM @ razgruzka_vagnera
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O líder da milícia Wagner, Yevgueni Prigozhin, estava em um avião que caiu nesta quarta-feira 23. A aeronave faria o trajeto entre Moscou e São Petersburgo.

Segundo o Ministério de Situações de Emergência, o avião é um Legacy, da Embraer, e a queda ocorreu perto de Kuzhenkino, na região de Tver, a noroeste de Moscou.

“Havia dez pessoas a bordo, incluindo três tripulantes. Segundo as primeiras informações, todas as pessoas a bordo morreram”, informou o ministério. Por volta das 17h de Brasília, a agência Ria Novosti publicou os nomes dos dez passageiros e confirmou que Prigozhin estava no voo, com base em uma atualização da agência de transporte aéreo do país.

Também estava no avião Dmitry Utkin, braço direito de Prigozhin.

O Wagner está sob os holofotes por seu papel na guerra na Ucrânia. Em junho, Prigozhin comandou uma rebelião de paramilitares contra o comando do Exército russo, com duração de aproximadamente 24 horas. Na sequência, a partir de um acordo intermediado por Alexander Lukashenko, veio o anúncio de que ele iria para Belarus.

O grupo foi fundado em 2014 e uma de suas primeiras missões conhecidas foi na península ucraniana da Crimeia, naquele mesmo ano, quando mercenários com uniformes sem identificação ajudaram forças separatistas apoiadas pela Rússia a tomar a região.

Após a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, Moscou inicialmente usou os mercenários para reforçar as tropas da linha de frente, mas, desde então, passou a contar cada vez mais com eles em batalhas críticas, como nas cidades de Bakhmut e Soledar.

A empresa paralimitar, seu dono e a maioria dos seus comandantes foram alvo de sanções de Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia.

A companhia militar privada Wagner já existia muito antes da guerra na Ucrânia e era formada por milhares de mercenários.

Acreditava-se que a maioria deles eram ex-soldados de elite altamente treinados. Mas, quando as perdas da Rússia durante a guerra começaram a se avolumar, Prigozhin expandiu o grupo, recrutando prisioneiros e civis russos, assim como estrangeiros.

Em um vídeo que circula na internet desde setembro de 2022, Prigozhin é visto no pátio de uma prisão russa se dirigindo a uma multidão de condenados e prometendo que, se eles servissem na Ucrânia por seis meses, suas sentenças seriam comutadas.

‘Zona cinzenta’

O estabelecimento de empresas militares privadas é ilegal de acordo com a Constituição russa. O Código Penal proíbe que os cidadãos sirvam como mercenários, mas empresas estatais podem ter forças de segurança armadas privadas. Essas brechas na lei permitem que o grupo Wagner opere em uma zona cinzenta semilegal.

O Wagner já trabalhou na África, por exemplo, fornecendo apoio e segurança para mineradoras russas e outros clientes. A Rússia tem sido acusada de usar o grupo como uma ferramenta para obter controle sobre os recursos naturais no continente, bem como para influenciar a política e os conflitos em nações estrangeiras, incluindo Líbia, Sudão, Mali e Madagascar.

Também há conhecimento sobre a presença de combatentes do Wagner na Síria.

A Rússia não é o único país com empresas militares privadas. Outras nações, incluindo Estados Unidos, África do Sul, Iraque e Colômbia, têm companhias do tipo operando dentro e fora de suas fronteiras. Muitos desses grupos atuam discretamente.

O Tribunal Penal Internacional e as Nações Unidas alertaram sobre o crescente número de mercenários e empresas militares e de segurança envolvidos nos atuais conflitos armados.

O grupo Wagner se destaca, porém, por seus laços estreitos com o governo russo e por sua ampla gama de atividades. Enquanto muitas empresas privadas se concentram na prestação de serviços de segurança, o Wagner esteve envolvido em uma enorme relação de tarefas em conflitos e guerras civis.

Os mercenários do grupo também trouxeram descrédito para a organização. Dmitry Utkin, fundador do grupo, tem laços estreitos com uma organização supremacista branca e ultranacionalista conhecida como The Night Wolves (Lobos da noite), um clube de motociclistas que recebeu sanções de Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia.

(Com informações da Deutsche Welle)

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