Mundo

Biden ataca duramente Trump e seu ‘rancor’  em discurso sobre estado da União

O atual presidente deve enfrentar o ex-ocupante da Casa Branca nas eleições deste ano; pesquisas recentes, porém, mostram que os americanos gostariam de outros candidatos nas urnas

Foto: SHAWN THEW / POOL / AFP
Apoie Siga-nos no

Joe Biden criticou duramente na quinta-feira (7) o “rancor” estimulado por seu rival Donald Trump, durante o discurso sobre o estado da União, no qual defendeu o direito ao aborto e os resultados econômicos de seu governo, e em particular tentou demonstrar que está preparado para mais quatro anos na Casa Branca.

O presidente democrata não perdeu tempo. Desde o início do discurso, Biden atacou o republicano, com várias referências ao “antecessor”, mas sem citar o nome de Trump.

Segundo as pesquisas, os americanos gostariam de outros candidatos nas eleições de novembro. Biden, de 81 anos, e Trump, de 77, são considerados muito velhos para o cargo por boa parte da população dos Estados Unidos.

Biden tem consciência e tentou explicar que a idade tem suas vantagens.

“Sei que pode não parecer, mas já estou aqui há algum tempo”, brincou. “Quando você chega à minha idade, algumas coisas ficam mais claras do que nunca”, disse.

O democrata propôs “um futuro baseado nos valores fundamentais que definem os Estados Unidos: honestidade, decência, dignidade, igualdade”.

“Outras pessoas da minha idade contam uma história diferente, a dos Estados Unidos voltados para o rancor, a vingança e o revanchismo”, acrescentou Biden, em uma clara alusão ao seu rival republicano.

Trump prometeu “se vingar” de sua derrota em 2020, que ele nunca reconheceu, e das ações judiciais que se acumulam contra ele. O republicano, conhecido pelos comícios incendiários, acusou Biden de ter pronunciado um discurso com “raiva” e “repleto de ódio”.

“Mais quatro anos!”

Biden fez um discurso de candidato, em que levantou a voz e não perdeu a oportunidade de responder a alguns trumpistas que tentaram interromper sua fala.

Ele acusou Trump de “curvar-se” ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, que ordenou a invasão da Ucrânia em 2022.

“Não vou me curvar”, prometeu Biden no imponente plenário do Congresso, para os aplausos dos democratas, que pediram “mais quatro anos””.

Frente à retórica do “declínio”, repetida por Trump, Biden defendeu que os Estados Unidos estão atravessando sob sua presidência a maior “recuperação” econômica de sua história, após a pandemia de covid-19.

“Herdei uma economia que estava à beira do abismo, mas agora é literalmente a inveja do mundo”, disse ele, antes de destacar a criação de 15 milhões de novos empregos em apenas três anos, um recorde.

Isso permite “construir um futuro de possibilidades” e investir para que “todos tenham uma chance justa e que não deixemos ninguém para trás”, acrescentou.

Ao longo do discurso, Biden se esforçou para estabelecer uma diferença de Trump.

“Não demonizarei os migrantes”

“Não demonizarei os migrantes dizendo que estão ‘envenenando o sangue de nosso país'” e “não vou separar as famílias”, afirmou o democrata, criticando a retórica anti-imigração de Trump.

Ele acusou o rival de pressionar os republicanos da Câmara de Representantes a bloquear um projeto de lei bipartidário sobre imigração que ele considera essencial.

Ele prometeu “restaurar” a proteção do direito ao aborto em todo o país, revogada pela Suprema Corte de tendência conservadora depois de ser reformulada pelo republicano, e tributar mais as multinacionais e os milionários.

O democrata dedicou parte do discurso aos sindicatos e expressou orgulho de ter sido “o primeiro presidente em um piquete”. Um sindicalista estava entre os convidados do Capitólio.

Uma série de promessas não apenas para vencer as eleições presidenciais de 5 de novembro, mas também para tentar recuperar o controle do Congresso nas eleições legislativas da mesma data.

Na política externa, Joe Biden também estabeleceu diferenças com Trump.

“Meu antecessor, um ex-presidente republicano, disse a Putin: ‘Faça o que quiser'”, criticou. “Eu considero escandaloso, perigoso e inaceitável”, destacou, no momento em que tenta fazer com que o Congresso aprove uma ajuda militar de 60 bilhões de dólares à Ucrânia, bloqueada pelos republicanos.

Ao falar sobre a Guerra em Gaza, o presidente americano falou, de modo mais eloquente, sobre o sofrimento dos civis palestinos.

“Aos líderes de Israel, digo isso: a assistência humanitária não pode ser uma consideração secundária nem uma moeda de troca. Proteger e salvar vidas inocentes deve ser uma prioridade”, declarou, antes de pedir um “cessar-fogo imediato” durante seis semanas na Faixa de Gaza.

Para chegar ao Capitólio, o presidente teve que mudar o itinerário para evitar os manifestantes que exigiam um cessar-fogo em Gaza.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo