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Argentina vai às urnas: o que disseram Massa e Milei no encerramento da campanha

O país escolherá entre o peronismo e a ultradireita. O segundo turno ocorrerá neste domingo 19

Ato final da campanha de Sergio Massa à Presidência da Argentina, em 16 de novembro de 2023. Foto: Maximiliano Vernazza/Ministério da Economia da Argentina/AFP
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Os candidatos à Presidência da Argentina encerraram nesta quinta-feira 16 a campanha eleitoral. No domingo 19, o peronista Sergio Massa e o ultradireitista Javier Milei disputarão o segundo turno, que definirá o sucessor de Alberto Fernández na Casa Rosada.

Massa escolheu o colégio secundário Carlos Pellegrini, em Buenos Aires, como o palco do derradeiro ato de sua campanha – uma decisão contrastante com os grandes e tradicionais eventos peronistas.

Em seu discurso, tentou marcar pela última vez suas diferenças com Milei. “Não acreditem nas coisas que são propostas a partir de destruição e ódio”, afirmou Massa, dirigindo-se aos estudantes. Ele também reivindicou “educação pública gratuita e de qualidade”, a se contrapor à sanha privatista de seu adversário.

“O maior sonho, a maior utopia é defender a igualdade de oportunidades”, disse o candidato, que ouviu gritos de “Massa presidente”. “Temos de criar todas as condições para ter a liberdade de poder trabalhar com o que quisermos. A liberdade de poder ter a sua casa, o seu lote, a partir de um Estado que ativa a política. A liberdade de poder escolher a universidade em que você vai estudar, sem que ninguém coloque preço no que você vai estudar.”

Ato final da campanha de Sergio Massa à Presidência da Argentina, em 16 de novembro de 2023. Foto: Maximiliano Vernazza/Ministério da Economia da Argentina/AFP

“Se me derem a responsabilidade de governar a partir de 10 de dezembro, peço que toda esta energia e esta paixão sejam colocadas na transformação definitiva da Argentina”, prosseguiu. “O desafio mais importante que temos, e eu pessoalmente, é que, diante de tanta antipolítica, os argentinos voltem a acreditar. É a maior montanha que temos de atravessar. Não se atravessa apenas ganhando uma eleição. A recuperação da confiança é obtida ao cumprirmos cada um dos compromissos que assumimos durante a campanha.”

Horas antes, em outra agenda desta quinta, Massa prometeu a um grupo de empresários “um país e um governo que defendem sua indústria”.

A partir desta sexta-feira, qualquer ato de campanha estará proibido. Mas, antes disso, nesta quinta, as Mães da Praça de Maio foram acompanhadas em sua ronda semanal por cerca de mil pessoas que protestaram contra o que consideram “negacionismo” do bloco de Milei em relação à ditadura argentina (1976-1983).

“Achamos que, diante do discurso de negacionismo, devemos reivindicar o lema de ‘Memória, Verdade e Justiça'”, disse à agência AFP Olivia Col, uma estudante de medicina de 21 anos que compareceu ao evento com duas amigas.

Milei sem surpresas

O candidato da ultradireita, por sua vez, optou por finalizar a campanha com um comício em Córdoba, com a presença de Patricia Bullrich, terceira colocada no primeiro turno.

Em seu pronunciamento, Milei atacou indiretamente Massa, a quem se referiu como “mentiroso” e “trapaceiro”. Seus apoiadores também entoaram cânticos ofensivos ao peronista.

O ultradireitista disse que esta é a eleição “mais importante dos últimos 40 anos e, muito provavelmente, dos últimos 100 anos”.

O encerramento da campanha de Javier Milei, em 16 de novembro de 2023. Foto: Diego Lima/AFP

“De que risco falam? De que salto no vazio, se estamos a caminho do inferno?”, provocou. Ele pediu para “vencer o medo e fazer com que a esperança triunfe”.

“Queremos este modelo de inflação a caminho da hiperinflação? Queremos a decadência eterna ou nos levantarmos? Queremos implorar por um mísero subsídio ou conseguir um emprego de qualidade?”

Milei ainda disse que no domingo haverá duas cédulas, “uma com as mesmas caras e outra com a liberdade”. E acrescentou: “O medo paralisa. Não deixe o medo vencer”.

Pouco antes, ao defender o apoio a Milei, Bullrich pediu que os eleitores votem “com o coração, com a alma e com o cérebro”.

Também nesta quinta, pelas redes sociais, o ex-presidente neoliberal Mauricio Macri disse que votará em Milei. “E, se você não quiser abandonar a batalha e renunciar, peço também que vote nele”, escreveu.

O encerramento da campanha de Javier Milei, em 16 de novembro de 2023. Foto: Diego Lima/AFP

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