Mundo
Centro de tortura da ditadura argentina entra na mira da vice de Milei
Para Victoria Villarruel, a Esma ‘tem 17 hectares que poderiam ser desfrutados por todo o povo argentino’. O local é Patrimônio Mundial da Unesco
A ultradireitista Victoria Villarruel, candidata à vice-Presidência da Argentina na chapa de Javier Milei, criticou o memorial da antiga Esma, onde funcionou o maior centro de detenção clandestina e tortura da ditadura de 1976 a 1983.
O prédio foi declarado patrimônio da Humanidade pela Unesco neste ano.
“A Esma tem 17 hectares que poderiam ser desfrutados por todo o povo argentino, sobretudo porque na ocasião estavam destinados a ser escolas, e o que mais necessitamos são escolas”, disse Villarruel. Ela havia sido questionada sobre a continuidade das atividades no local caso sua chapa vença o segundo turno da eleição presidencial, marcado para o próximo domingo 19.
O adversário de Milei é o ministro da Economia e representante do peronismo na disputa, Sergio Massa.
“A área dos direitos humanos tem sido um verdadeiro buraco negro para a entrega de subsídios, bens do Estado e indenizações”, alegou ainda Villarruel, em entrevista o canal TN. “Acredito que deve haver uma auditoria de como esses fundos foram entregues, porque foram entregues com a fome de quem vive nas ruas.”
Pela Esma passaram 5 mil dos 30 mil presos desaparecidos entre 1976 e 1983. Hoje, é um museu do Espaço para a Memória e a Promoção e Defesa dos Direitos Humanos.
A antiga Escola Superior de Mecânica da Armada, criada em 1928 para preparar oficiais navais e marinheiros, foi o maior campo de detenção, tortura e extermínio operado por ex-militares que até hoje são julgados por tribunais civis (73 já foram condenados, de um total de 1.159 em todo o país).
Cercado por freixos, ciprestes e cedros, o Casino de Oficiais – um pavilhão de três andares da Esma que serviu como prisão ilegal – foi construído em 1948, no bairro aprazível de Núñez, no norte da cidade.
Quando os militares argentinos tomaram o poder em 1976, a escola se tornou o centro de operações da Marinha para o sequestro ilegal de ativistas políticos e sociais, mas também de civis sem filiação partidária, trabalhadores, atletas e religiosos.
A cada ano, 150 mil pessoas, muitos estudantes, visitam o museu e participam de atividades de reflexão.
(Com informações da AFP)
Um minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.