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2º turno na Turquia: Erdogan recebe apoio de candidato da extrema-direita que quer expulsar todos os refugiados do país

Sinan Ogan ficou em terceiro lugar na votação do primeiro turno e informou que vai votar naquele que pode colocar seu projeto xenofóbico em prática

Foto: Adem Altan/AFP
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O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, recebeu o apoio do nacionalista de extrema-direita, Sinan Ogan, para o segundo das eleições presidenciais, que acontecerá no próximo domingo 28. Ao anunciar o apoio, ontem, Ogan afirmou que a decisão foi baseada na “luta ininterrupta contra o terrorismo” e na impressão de que a campanha de Kemal Kilicdaroglu, opositor de Erdogan, vem sendo incapaz de “convencer os turcos sobre o futuro”.

No primeiro turno das eleições turcas, ocorrido no último dia 14 de maio, Erdogan obteve 49,5% dos votos válidos, enquanto Kilicdaroglu teve 44,9%. Ogan ficou com 5,1%. Diante da disputa acirrada, o apoio de Ogan é considerado fundamental para o desfecho da corrida presidencial na Turquia. 

Ogan disputou a presidência por meio de uma aliança de siglas de direita, lideradas pelo Partido da Vitória. Com um discurso abertamente xenofóbico, o ex-acadêmico condicionou o seu apoio ao desenvolvimento de um programa de governo anti-imigração, especialmente no que se refere aos curdos e aos sírios. “Todos os refugiados devem voltar para casa. Vote no candidato que coloque em prática essa política”, afirmou Ogan à agência Reuters, logo após o resultado do primeiro turno.

Erdogan tenta se manter no poder após vinte anos liderando a Turquia. Mais recentemente, o seu governo vem levando o país à deterioração das suas instituições democráticas, por meio do exercício do controle da imprensa, por exemplo. Ele já foi elogiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A pauta da extrema-direita se impõe sobre a Truqiia de tal modo que mesmo Kemal Kilicdaroglu, do Partido Republicano Popular (CHP), de centro-esquerda, vem adotando um posicionamento nacionalista no segundo turno da corrida eleitoral, de modo a se aproximar de eleitores que, antes, estavam fora do seu espectro político. Kilicdaroglu lidera uma aliança de seis partidos políticos.

Ainda assim, Erdogan vem necessitando do apoio de um número maior de siglas para se manter no poder. Nas eleições de 2014, por exemplo, o então candidato conseguiu se eleger (com 51,8% dos votos) apenas com o apoio de um partido, o AKP. Em 2018, para vencer com 52,6%, ele necessitou do apoio, também do Partido da Ação Nacionalista (MHP, de extrema-direita).

Já nas eleições de 2023, Erdogan acumula, além dos partidos anteriormente citados, os apoios do Partido da Prosperidade – o YRP, que já promoveu protestos contrários à vacina contra Covid-19 e defendeu a ilegalidade das associações LGBTQIA+ -, do ultranacionalista Partido da Grande Unidade (BBP) e do Partido de Deus – Hüda Par, resquício do grupo armado fundamentalista Hezbollah

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