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Turcos vão às urnas e Erdogan luta para se manter na Presidência após duas décadas no poder

As pesquisas de intenção de voto mostram que o presidente poderia perder para Kemal Kilicdaroglu já no primeiro turno

O presidente reeleito da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. Foto: Ozan Kose/AFP
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Cerca de 64 milhões de eleitores turcos vão às urnas neste domingo 14 para o primeiro turno das eleições presidencial e legislativa. O presidente Recep Tayyip Erdogan, que domina a cena política da Turquia há cerca de duas décadas, tenta se manter no poder, mas enfrenta uma oposição unida em torno do candidato Kemal Kilicdaroglu. Na reta final da campanha, o chefe de Estado acusou seu rival de ter se aliado aos Estados Unidos para derrotá-lo e defendeu o líder russo Vladimir Putin.

Erdogan, de 69 anos, disputa a eleição mais acirrada desde que chegou ao poder e enfrenta pela primeira vez em 20 anos uma oposição unida. As pesquisas de intenção de voto mostram que o presidente poderia perder para Kilicdaroglu já no primeiro turno.

Diante do risco de derrota, o chefe de Estado conservador, que disputa o pleito enfraquecido pela crise econômica e pelas críticas à sua gestão do terremoto de deixou mais de 50 mil mortos em fevereiro passado, multiplicou os ataques à oposição na véspera do voto, em uma tentativa de reverter a tendência.

Na tarde deste sábado 13, ele mobilizou seus partidários em Istambul em um comício que terminou com uma prece na emblemática basílica da Santa Sofia, transformada em mesquita durante sua presidência. Em um discurso virulento, Erdogan acusou a oposição turca de estar disposta a se submeter ao Ocidente para chegar ao poder.

Durante o comício, o chefe de Estado fez alusão a uma declaração proferida pelo presidente norte-americano Joe Biden em 2020, quando disputava a corrida pela Casa Branca. “Biden deu a ordem para me derrubar, eu sei disso. Todos os meus eleitores sabem disso”, afirmou.

Os Estados Unidos não se posicionaram sobre o pleito que acontece neste domingo. Mas na época em que era candidato, o democrata disse que os opositores de Erdogan deveriam derrotá-lo nas urnas para evitar uma nova tentativa de golpe de Estado, como a que aconteceu na Turquia em 2020.

Kemal Kilicdaroglu, candidato à Presidência da Turquia. Foto: Bulent Kilic/AFP

Erdogan defendeu Putin

Uma possível interferência externa no pleito também foi usada como argumento de campanha de Kilicdaroglu. O candidato da oposição, que aparece como favorito, acusou durante a semana cidadãos russos, que não identificou, de espalharem “deepfakes” e outras formas de desinformação para tentar influenciar o resultado da votação na Turquia.

“O senhor Kemal ataca a Rússia, o senhor Putin. Não concordarei com isso. Nossas relações com a Rússia não são menos importantes do que as que temos com os Estados Unidos”, rebateu Erdogan na sexta-feira 12.

O presidente turco mantém boas relações com Moscou desde o começo da invasão russa à Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022. Membro da Otan, a Turquia se beneficiou de descontos nas importações de energia russa e se recusou a apoiar as sanções ocidentais contra o Kremlin.

Kilicdaroglu, de 74 anos, que se apresenta como o herdeiro de Mustafa Kemal Atatürk, fundador da Turquia laica moderna, garantiu que, em caso de vitória, pretende manter as boas relações do país com a Rússia.

“Dediquem sua energia para construir o futuro, não para lutar pelo passado”, declarou Kilicdaroglu a seus partidários em seus últimos comícios. “Lembre-se de que os governos vêm e vão, apenas o Estado permanece. Escolha o Estado, a justiça e a lei, não o partidarismo.”

Regime presidencial recente

Antes das eleições de 2018, a Turquia vivia sob um regime parlamentar. O presidente era o chefe de Estado, mas o país era liderado pelo primeiro-ministro. Desde a reforma constitucional de 2017, no entanto, a Turquia adotou um regime presidencial.

Neste domingo, os turcos elegerão os 600 deputados que terão um mandato de cinco anos, como o presidente. Apenas os partidos que conseguirem pelo menos 7% dos votos obtêm representantes eleitos.

No caso da eleição presidencial, se nenhum candidato conquistar a maioria no primeiro turno, o segundo turno será em 28 de maio.

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