Justiça

Witzel insinua que Bolsonaro esteja envolvido em seu afastamento

Governador afirmou que estaria ‘incomodando’ pessoas ao prender milicianos e traficantes de drogas

Governador Wilson Witzel (CARL DE SOUZA / AFP)
Apoie Siga-nos no

O governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), negou as acusações do Ministério Público Federal (MPF) e criticou a decisão monocrática do Superior Tribunal de Justiça (STJ). “O processo penal brasileiro está se transformando em um circo”, afirmou.

Batizada de Tris in Idem, a operação desta sexta-feira 28 foi um desdobramento da Operação Placebo, que investiga corrupção em contratos públicos do Executivo fluminense – entenda.

Em sua defesa, o governador afirmou que o processo é político e chegou a afirmar que estaria “incomodando” pessoas ao prender milicianos e traficantes de drogas. Em determinado momento, citou o presidente Jair Bolsonaro e a subprocuradora da República, Lindora Araújo.

“Bolsonaro já declarou que quer o Rio de Janeiro, já me acusou de perseguir a família dele, mas diferentemente do que ele imagina, aqui a Polícia Civil é independente, o Ministério Público é independente, e eu me preocupo com essa questão política que estamos vivenciando.”, disse.

“Eu quero desafiar o MPF, na pessoa da dra. Lindora, porque a questão agora é pessoal. Ela me adjetivou como chefe da organização criminosa. Eu quero que ela me apresente um único e-mail, um único telefonema, um pedaço de papel em que eu tenha pedido qualquer tipo de vantagem ilícita pra mim”, continuou Witzel.

“Ultraje à democracia”

Wilson Witzel também criticou a decisão monocrática do ministro Benedito Gonçalves, do STJ, e nomeou-a de “ultraje à democracia”. Na decisão, Gonçalves negou o pedido de prisão apresentado pela PGR e determinou o afastamento de Witzel, por 120 dias, do cargo ao qual foi eleito.

Segundo informações da TV Globo, que teve acesso à decisão do ministro, o afastamento visa impedir que o governador frequente as dependências do governo do Estado e mantenha contato com funcionários, o que poderia atrapalhar as investigações.

Witzel, por sua vez, disse que tal presunção é inconstitucional e que seu posicionamento diante das operações anteriores demonstram que ele não interferiu no processo.

“Não há nenhum ato praticamento por mim ao longo desses últimos meses que possam caracterizar que eu atrapalhei investigações”, afirmou.

Em sua fala, o governador citou até mesmo o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva e seu processo de suspeição do ex-juiz Sérgio Moro para justificar perseguições políticas no âmbito judicial.

“Eu não sou a favor de Lula ou contra Lula, mas o STF (Supremo Tribunal Federal) tá chegando à conclusão que, infelizmente, o juiz Sergio Moro foi imparcial. Com essa decisão, evitou-se que o ex-presidente Lula disputasse a Presidência da República”, afirmou.

Governador Wilson Witzel em pronunciamento à imprensa sobre seu afastamento do Governo do Rio (Foto: CARL DE SOUZA / AFP)

Witzel chama ex-secretário de Saúde de “canalha”

Witzel também se exaltou ao falar do ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro Edmar Santos, cuja delação premiada foi central para a denúncia oferecida pelo MPF. Para o governador, a delação é “mentirosa”.

“Um bandido que nos enganou a todos. Edmar enganou a todos. Esse vagabundo entra na Saúde do Rio de Janeiro quando eu avisei que não toleraria corrupção. Tentou ludibriar a todos nós”..

Santos foi preso no dia 10 de julho e seria o responsável por operar um esquema de desvio de dinheiro na compra de respiradores.

Os equipamentos seriam utilizados para combater a epidemia de coronavírus no País. No acordo de delação com o MPF, o ex-secretário teria dado detalhes da suposta participação do governador no esquema – acusação que Witzel nega.

Defesa da primeira-dama

No comunicado, Witzel também defendeu as acusações feitas contra a esposa e primeira-dama, Helena Witzel. Ela foi alvo de mandados de busca e apreensão realizados no Palácio Laranjeiras, residência oficial do casal.

Para Witzel, estariam “criminalizando a advocacia” ao relacionar os contratos que o escritório de Helena mantém com a Organização Social (OS) Iabas. O empresário Mário Peixoto seria o responsável por estabelecer o enriquecimento ilícito ao casal, argumenta o MPF. Witzel nega.

“Organizações criminosas estão perdendo dinheiro. Agora eu? Contrato de advocacia da minha esposa sendo questionado sem a indicação de atos ilícitos praticados por mim. Qual atos ilícitos eu pratiquei?”, disse. “Não tenho relação com Mario Peixoto, não tenho relação com nenhuma empresa.”

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo