Justiça
STJ concede prisão domiciliar a mulher que estava em presídio alagado no RS
A mulher é mãe de duas crianças com menos de 12 anos


A 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça concedeu prisão domiciliar a uma mulher que estava presa no Rio Grande do Sul, a fim de que ela possa cuidar de suas duas filhas, ambas com menos de 12 anos. A decisão, tomada por unanimidade nesta quarta-feira 15, levou em consideração a catástrofe climática que assola o estado e provocou 149 mortes.
Uma orientação do Conselho Nacional de Justiça a prever a reavaliação de prisões preventivas com mais de 90 dias ou relacionadas a crimes sem violência também pesou na decisão do colegiado.
Presa por tráfico de drogas desde outubro passado, a mulher tentou obter um habeas corpus, mas a demanda não prosperou no Tribunal de Justiça gaúcho. As fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul chegaram a alagar o primeiro andar do presídio onde ela estava.
Os integrantes da 5ª Turma do STJ seguiram o entendimento da relatora do caso, a ministra Daniela Teixeira. A avaliação é que, em situações de desastre público, a flexibilização das prisões pode ser justificada por motivos humanitários ou por questões práticas e operacionais.
“Eventos como pandemias, catástrofes naturais ou emergências em larga escala exigem uma reavaliação das prioridades e capacidades do sistema prisional, que pode ser gravemente afetado nessas circunstâncias”, afirmou a magistrada.
Teixeira ainda ressaltou que as unidades prisionais podem se transformar em focos de propagação de doenças, representando um risco não apenas para os detentos, mas para os funcionários e a comunidade em geral.
Ela rejeitou, contudo, um pedido da Defensoria Pública para que a decisão se estendesse a processos semelhantes. “Não se pode correr o risco de agravar o caos e o sentimento de insegurança das pessoas que estão lá, da sociedade em geral. Pois poderíamos vir a soltar pessoas com histórico de violência, acusadas de crimes graves.”
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

CNJ inicia emissão de 2ª via de documentos em abrigos de Porto Alegre
Por Agência Brasil
Do auxílio de R$ 5,1 mil aos saques do FGTS: entenda as novas medidas do governo Lula para o RS
Por CartaCapital