Justiça
STF decreta sigilo em inquérito que apura se houve interferência de Bolsonaro no MEC
Para a Polícia Federal, Bolsonaro pode ter avisado o ex-ministro da busca e apreensão ocorrida em sua casa


O Supremo Tribunal Federal decretou sigilo sob investigação que apura se Bolsonaro interferiu em investigação de corrupção no Ministério da Educação.
O inquérito, de relatoria da ministra Cármen Lúcia, será encaminhado à Procuradoria-Geral da República para que Augusto Aras se manifeste.
A investigação havia sido encaminhada para a primeira instância depois que Milton Ribeiro deixou o cargo, mas voltou ao STF por envolver o presidente da República.
Para a Polícia Federal, Bolsonaro pode ter avisado o ex-ministro da busca e apreensão ocorrida em sua casa. A informação surgiu em uma ligação grampeada entre Milton Ribeiro e a sua filha.
Segundo o ex-ministro, o presidente havia relatado um “pressentimento”, e que foi alertado da possibilidade de ser alvo de uma busca e apreensão.
“Hoje, o presidente me ligou. Ele está com um pressentimento novamente de que podem querer atingi-lo através de mim, sabe?”, disse Ribeiro. Em seguida, o ex-ministro afirma: “Ele acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa, sabe? Bom, isso pode acontecer, se houver indícios, mas não há porquê”, disse o ex-ministro.
O ex-chefe do MEC é investigado pela Polícia Federal suspeito de operar um gabinete paralelo para desviar verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação para dois pastores evangélicos, Gilmar Santos e Arilton Moura.
Segundo apuração do Estadão, pastores negociavam com prefeitos a liberação de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação do MEC. Em troca da influência na Pasta, líderes religiosos solicitavam propina — inclusive em barras de ouro e na compra de bíblias — para auxiliar na liberação de recursos para as suas cidades.
Os líderes religiosos apontados como lobistas teriam ligações com o presidente Jair Bolsonaro, que teria pedido para o ex-ministro que beneficiasse “os amigos dos pastores”.
O ex-capitão, que quando rebentou o escândalo, disse colocar “a cara no fogo” pelo seu ministro, diz agora que Milton Ribeiro é responsável pelos seus atos e se a polícia o prendeu, foi porque tinha motivos para isso.
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