Política

Bolsonaro diz que ‘assunto do MEC está enterrado’ e que CPI é ‘oportunismo’

Em participação no evento de empresários, ex-capitão mudou o discurso de que não há corrupção no seu governo: ‘Tem casos isolados’

Foto: Reprodução
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quarta-feira 29 que o ‘assunto no MEC’, como classificou os recentes escândalos de suspeita de corrupção envolvendo o seu ex-ministro Milton Ribeiro e pastores aliados, já estaria ‘enterrado’ e, portanto, não seria necessário a abertura de uma Comissão de Inquérito Parlamentar para apurar o caso.

“Olha uma CPI quase saindo de um assunto que parece que está enterrado…parece…mas quando se abre uma CPI, abre-se um mar de oportunidades para os oportunistas fazerem campanha contra a gente no caso”, disse Bolsonaro a empresários reunidos em Brasília.

Durante o evento, o presidente também voltou a tratar do tema corrupção em seu governo, mas com uma clara mudança no discurso. Antes, fazia questão de afirmar, de forma enfática, não haver qualquer caso de corrupção identificado em seus mais de três anos de governo. Nesta quarta, no entanto, passou a admitir que existem ‘casos isolados’.

“O combate à corrupção…nisso nós estamos muito bem no governo, não temos nenhuma corrupção endêmica no governo, tem casos isolados que pipocam e a gente busca solução pra isso”, destacou o ex-capitão.

Apesar de classificar as suspeitas como casos isolados, o atual presidente acumula ao menos dez episódios com indícios contundentes de corrupção desde que assumiu o cargo. No mais recente deles, ele é acusado de dar aval para que os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura montassem um esquema de propinas no MEC. A indicação de que o ‘pedido’ para ‘privilegiar os amigos de pastores’ teria partido de Bolsonaro foi feita pelo próprio ex-ministro da pasta em áudio revelado pelo jornal Folha de S. Paulo.

Aos empresários nesta quarta-feira, Bolsonaro voltou ainda a mentir sobre suas ações na pandemia, alegando não ter cometido erros de gestão durante este período. Especialistas, no entanto, apontam que parte das mais de 600 mil mortes no País foram causadas por atrasos na vacinação e outras políticas negacionistas praticadas em seu governo. Não por acaso, Bolsonaro foi incluído na lista de pedidos de indiciamento da CPI da Covid no Senado.

O ex-capitão voltou também a defender o diálogo que tem mantido com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, mesmo após a escalada no conflito com a Ucrânia. Ele ainda repetiu ataques aos governos de esquerda vitoriosos em eleições recentes na América Latina, reconhecendo que o Brasil estaria próximo de também eleger um governo progressista.

“A América do Sul está se transformando num continente vermelho e o Brasil é a cereja do bolo. Os Estados Unidos não podem ficar isolados”, alertou. “Estamos vendo o que aconteceu com a Venezuela, na querida Argentina, no Chile que era redondinho e agora na nossa Colômbia. O Brasil agora está com a ameaça de mudar de cor e essa mudança de cor não deu certo em nenhum lugar do mundo”, admitiu logo em seguida.

A uma plateia de empresários que o aplaudiu de pé durante a sua chegada, Bolsonaro ainda ironizou o fato de promover constantes passeios de jet ski pelo País. Segundo alegou, sua prática seria uma forma de ‘incentivar o turismo’. O custo dos passeios de moto aquática chegou a 900 mil reais em uma das ocasiões.

“Quem aqui já andou de jet ski? Eu acho uma coisa realmente maravilhosa, sou apaixonado por jet ski. Gosto de dar cavalo de pau por aí e dou muito bem modéstia à parte, como foi aqui no lago questão de dois meses atrás. Estimula o turismo”, defendeu o ex-capitão.

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