Justiça

Partidos acionam STF contra MP que permite venda de subsidiárias da Caixa

Ação é assinada pelos partidos PCdoB, PDT, PSB, PSOL, PT e Rede Sustentabilidade

Partidos acionam STF contra MP que permite venda de subsidiárias da Caixa
Partidos acionam STF contra MP que permite venda de subsidiárias da Caixa
Agência da Caixa Econômica Federal, em Brasília. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Partidos da oposição acionaram o Supremo Tribunal Federal (STF) contra a Medida Provisória 995/2020, que autoriza a venda de empresas subsidiárias da Caixa Econômica Federal até dezembro de 2021. A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 6537 é assinada pelo PCdoB, PDT, PSB, PSOL, PT e Rede Sustentabilidade e será analisada pelo ministro Marco Aurélio Mello.

A MP 995 foi publicada pelo presidente Jair Bolsonaro em 7 de agosto, no Diário Oficial da União (DOU), e permite que as empresas subsidiárias da Caixa possam “constituir outras subsidiárias” e “adquirir controle societário ou participação societária minoritária em sociedades empresariais privadas”.

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, já afirmou que pretende privatizar os setores de seguros, cartões, loterias, gestão de ativos de terceiros e banco digital.

 

No documento de 42 páginas, os partidos pedem a suspensão da vigência e eficácia do inteiro teor da MP 995, ou que o STF estabeleça limites ao texto. Ele argumentam que a Medida Provisória permite o fatiamento da Caixa, transferindo para a iniciativa privada os seus setores mais valorizados financeiramente.

Para as siglas, a MP de Bolsonaro burla um entendimento adotado pelo STF em 2019. Na ocasião, a Corte determinou que empresas estatais não podem ser privatizadas sem a permissão do Congresso Nacional. No entanto, os magistrados autorizaram a venda de subsidiárias, sem a necessidade de votação entre os parlamentares.

Apesar de o STF ter liberado a venda de subsidiárias sem aval do Congresso, as legendas dizem que há “desvio de finalidade” na MP 995, porque o texto tem “caráter geral e indeterminado” para essas operações. A ação sustenta que a intenção é ficar “livre” da prévia autorização legislativa.

“Fica claro o desvio de finalidade na constituição de subsidiárias para escapar ao controle legislativo, numa espécie de fraude ao Congresso Nacional e à recente decisão do Supremo Tribunal Federal. Ao validar esse mecanismo dissimulado e aleivoso, estamos autorizando que bancos e empresas públicas em geral sejam primeiro esquartejadas e depois vendidas, sem qualquer anuência do povo brasileiro através da manifestação do Congresso Nacional”, diz a ação.

 

Além disso, os partidos questionam o caráter de urgência da MP 995. Por ser uma Medida Provisória, a decisão entra em vigor de imediato, mas precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional num prazo de alguns meses para que não perca a validade. Em geral, este modelo de decreto é aplicado para assuntos considerados como urgentes.

“Não estão cumpridos os requisitos de relevância e urgência necessários à edição de Medida Provisória. A criação de subsidiárias e aquisição de participação acionária em empresas privadas pelas subsidiárias da Caixa Econômica Federal não é matéria urgente nem relevante para tramitar através de Medida Provisória durante o enfrentamento de uma pandemia, em pleno estado de calamidade pública decretado em âmbito nacional”, dizem os partidos.

Entidades protestam

Na segunda-feira 11, entidades de funcionários da Caixa decidiram dar início a uma “ofensiva” contra o que chamam de “ação privatista” do governo federal.

De acordo com a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), uma reunião foi realizada com pelo menos 120 representantes de empregados da instituição e de centrais sindicais. Em nota, a Fenae chamou a MP 995 de “manobra”.

“A mesma manobra que tenta fazer agora com a Caixa, o governo vem utilizando em relação às subsidiárias da Petrobras, que estão sendo colocadas à venda sem passar pelo Legislativo”, diz a entidade.

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