Justiça

Lewandowski autoriza diligências em inquérito que apura possível omissão de Pazuello em Manaus

As medidas foram pedidas pela PGR, que, segundo o ministro, busca ‘melhor compreensão da dinâmica segundo a qual transcorreram aos fatos’

Lewandowski autoriza diligências em inquérito que apura possível omissão de Pazuello em Manaus
Lewandowski autoriza diligências em inquérito que apura possível omissão de Pazuello em Manaus
Ricardo Lewandowski e Eduardo Pazuello. Fotos: Nelson Jr./STF e Sergio Lima/AFP
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O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, deu aval nesta segunda-feira 15 a um pedido da Procuradoria-Geral da República para a Polícia Federal realizar diligências no inquérito que apura se o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, foi omisso em meio ao drama da saúde pública em Manaus. Com o avanço da Covid-19, pacientes morreram por falta de oxigênio nos hospitais.

Segundo o ministro, a PGR busca obter “melhor compreensão da dinâmica segundo a qual transcorreram aos fatos, especialmente no tocante às comunicações entre os distintos órgãos da Administração Pública e às medidas adotadas para o combate à pandemia”.

No dia 4 de fevereiro, o general Pazuello prestou depoimento à Polícia Federal. No dia 11, ele afirmou em sessão no Senado que gestores locais e um relatório da Força Nacional do Sistema Único de Saúde de 8 de janeiro não indicaram falta de oxigênio em Manaus, mas de “rede de gases”.

Na decisão desta segunda, Lewandowski escreveu: “As providências preconizadas encontram respaldo nas atribuições que a Constituição e a lei conferem ao Ministério Público. Ademais, contemplam medidas que, ‘mutatis mutandis’, são ordinariamente adotadas em procedimentos dessa natureza. Isso posto, defiro os pedidos formulados pelo PGR e determino o encaminhamento destes autos à Polícia Federal para a realização das diligências requeridas”.

Entre as medidas avalizadas por Lewandowski está a busca por informações sobre os gastos do governo federal com cloroquina e hidroxicloroquina, medicamentos sem qualquer eficácia comprovada contra a Covid-19, mas defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro.

Eis as diligências autorizadas pelo ministro, conforme o despacho:

“a) requisição, junto ao Ministério da Saúde e à Secretaria de Saúde do Amazonas e de Manaus, dos e-mails institucionais trocados entre os órgãos relativos ao combate à pandemia;

b) oitiva dos representantes da empresa White Martins sobre os fatos investigados;

c) obtenção de informações sobre as tratativas de transporte de oxigênio para Manaus e de remoção de pacientes de Manaus para os hospitais universitários federais administrados pela EBSERH;

d) identificação e oitiva dos desenvolvedores do aplicativo ‘TrateCOV’;

e) identificação de gastos de aquisição e distribuição dos medicamentos cloroquina e hidroxicloroquina e dos testes do tipo RT-PCR; e

f) oitiva dos funcionários do Ministério da Saúde e das Secretarias de Saúde do Amazonas e de Manaus que participaram de reuniões e visitas, em especial daqueles eventualmente exonerados”.

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