Justiça

Juiz manda Incra anular contrato com mineradora canadense que tenta extrair ouro no Pará

A área em que a Belo Sun planejava explorar o minério é destinada à reforma agrária e está localizada na região de Volta Grande do Xingu, que já enfrenta impactos ambientais severos

Juiz manda Incra anular contrato com mineradora canadense que tenta extrair ouro no Pará
Juiz manda Incra anular contrato com mineradora canadense que tenta extrair ouro no Pará
Instalações da Belo Sun em Volta Grande, no Pará Foto: Divulgação
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O juiz federal Leonardo Araujo de Miranda mandou o Incra anular um contrato com a mineradora canadense Belo Sun que previa a utilização de área destinada à reforma agrária para extração de ouro no Pará. A decisão foi assinada nesta sexta-feira, no bojo de ação civil pública movida pela Defensoria Pública da União.

A área está localizada na região de Volta Grande do Xingu, que já enfrenta impactos ambientais severos. Um exemplo é a falta de água causada pela Usina de Belo Monte, a maior hidrelétrica do Brasil. Destinado à reforma agrária, o local abriga comunidades indígenas e ribeirinhas, além de grande biodiversidade.

Quando acionou a Justiça Federal do Pará, a DPU argumentou que a concessão de uso ao empreendimento minerário era irregular, pois não houve a desafetação formal da área. Também disse que o contrato violaria direitos das comunidades assentadas, a partir de relatos de que a Belo Sun estaria restringindo a circulação e acesso dos moradores.

No ano passado, o Ministério do Desenvolvimento Agrário já havia recomendado o cancelamento do arranjo após a área técnica da pasta ter encontrado irregularidades no contrato. A recomendação, porém, foi ignorada pelo Incra. Na Justiça, a autarquia defendeu a manutenção do acordo sob o argumento de que não há famílias morando no local.

O juiz do caso acolheu o entendimento da  DPU e considerou que o contrato não poderia continuar em vigor nos moldes atuais. “A sua desafetação exigiria um ato normativo formal de mesma natureza, o que não ocorreu, inviabilizando a utilização dessa área para qualquer outro fim que não aquele previsto originalmente”.

Miranda ainda determinou que os assentados sejam informados de todas as etapas do empreendimento e tenham acesso a um canal de diálogo —junto ao Incra e à mineradora— para apresentar propostas sobre as medidas de reparação mais adequadas, “com o objetivo de preservar a política pública agrária”.

A reportagem tenta contato com o Incra e a Belo Sun para comentar a ordem judicial e aguarda retorno. O espaço segue aberto.

Pertencente ao grupo financeiro canadense Forbes & Manhattan, a mineradora diz que investirá pouco mais de 1 bilhão no projeto. A expectativa é extrair, em média, cinco toneladas de ouro por ano, durante doze anos. O processo de licenciamento ambiental da área, contudo, está suspenso desde 2017 por ordem do TRF-1.

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