Justiça
Investigações contra Lava Jato e ONG avançam na Alemanha e no Brasil
Documentos mostram que Transparência Internacional e o MP celebraram contratos com suspeitas de prejuízos aos cofres públicos


A sede da Transparência Internacional (TI) em Berlim recebeu nesta sexta 26 a primeira remessa de documentos brasileiros que irão contribuir para a investigação interna que apura a relação da ONG no Brasil com integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato.
A denúncia feita ao Superior Tribunal de Justiça pelo deputado federal Rui Falcão (PT), traduzida e encaminhada a Berlim, traz documentos que comprovam que a ONG e o Ministério Público celebraram contratos que transferiam à organização poderes de decisão e interferência sobre cerca de 5 bilhões de reais oriundos de acordos de leniência assinados por empresas acusadas de corrupção. O acerto, como outros do gênero firmados pela força-tarefa, passam ao largo dos órgãos de controle brasileiros.
Na petição, os advogados elencam possíveis crimes de improbidade administrativa, infrações penais, faltas disciplinares e funcionais e graves prejuízos aos cofres públicos cometidos nos acordos. Eles também solicitaram ao Tribunal de Contas da União um balanço de possíveis danos ao erário.
No Brasil, informações de bastidores revelam que a denúncia já começou a tramitar dentro do Superior Tribunal de Justiça e “com boas expectativas”. Desde que ministros da Corte viraram alvo da turma de Curitiba, os escândalos que envolvem Deltan Dallagnol e companhia têm ganhado mais “atenção” dos ministros.
O presidente da Corte, Humberto Martins, teria dito a interlocutores que “apertaria” uma investigação que corre contra os procuradores. Estaria, de acordo com o jornal O Globo, pensando até em operações envolvendo busca e apreensão contra o grupo.
Nova remessa envolve diálogos da Spoofing
Além da denúncia feita ao STJ, enviada nesta sexta, os diálogos “nada transparentes” obtidos pela Operação Spoofing também foram traduzidos para o envio de uma segunda remessa de documentos à Alemanha.
O dirigente da ONG no Brasil, Bruno Brandão, Dallagnol e outros procuradores mantinham um grupo no aplicativo Telegram no qual se discutiam estratégias de agenciamento político e eleitoral.
Nas conversas, eles chegam a traçar o perfil de lideranças e movimentos sociais que poderiam fazer parte do projeto. Houve trocas de mensagem com Rogério Chequer, ativista do Vem Pra Rua, um dos movimentos que fomentou as manifestações contra a ex-presidente Dilma Rousseff. Buscavam-se nomes capazes de promover uma renovação política alinhada à agenda neoliberal
O grupo discutiu a criação de um “selo” para candidatos nas eleições de 2018 que “se comprometam com as 10 medidas de combate à corrupção” e “não tenham sido acusados criminalmente”. “O objetivo é buscar algum grau de renovação política e levar ao Congresso pessoas comprometidas com as mudanças”, escreveu Dallagnol no aplicativo em 2017.
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