Justiça

Desembargador acusado de vender sentenças em Sergipe entra na mira do CNJ

A investigação interna significa, na prática, o afastamento do magistrado das funções no tribunal; caso volta a ser discutido no dia 28 de março

Desembargador acusado de vender sentenças em Sergipe entra na mira do CNJ
Desembargador acusado de vender sentenças em Sergipe entra na mira do CNJ
Este é o desembargador Luiz Antônio Mendonça, do Tribunal de Justiça de Sergipe - Reprodução
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O desembargador Luiz Antônio Mendonça, apontado pela Polícia Federal como responsável pela venda de sentenças do Tribunal de Justiça de Sergipe a acusados de homicídios e tráficos de drogas, entrou na mira do Conselho Nacional de Justiça e deve ser alvo de um processo administrativo disciplinar por quebra de decoro no exercício da profissão.

A investigação interna significa, na prática, o afastamento do magistrado das funções no tribunal. Os conselheiros do CNJ começaram a julgar a abertura do PAD, mas as discussões foram interrompidas após um pedido de vistas. A expectativa é que o caso volte à pauta no próximo dia 28 de março.

CartaCapital apurou que, no centro das investigações da PF, além de utilizar o TJ-SE como “um balcão de negócios”, Mendonça ainda teria cometido crimes relacionados à “participação em homicídio como autor imediato, lavagem de dinheiro e tentativa de embaraço à investigação” de que é alvo.

De acordo com as investigações, o desembargador se encontrou com José Augusto Aurelino Batista, acusado de integrar uma organização criminosa da região, para negociar uma liminar no processo no qual o suspeito era réu. O encontro teria acontecido em uma de suas fazendas em 2014. Três dias depois, diz a PF, o magistrado teria concedido o benefício a Batista.

Relator do caso, o corregedor Luis Felipe Salomão preparou um voto extenso em que defende o afastamento do desembargador por “violação em tese dos deveres de independência, imparcialidade, integridade profissional e pessoal, diligência, dedicação, prudência, dignidade, honra e decoro da magistratura”.

O desembargador chegou a ser alvo da Operação Caneta Azul, autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça em novembro passado. Os agentes da PF cumpriram mandados de busca e apreensão em sua residência, em seu gabinete no TJSE e na fazenda de propriedade do magistrado, localizada em Carira, a pouco mais de 105 quilômetros de Aracaju.

Nomeado para o cargo em 2005 pelo então governador João Alves Filho (DEM), Mendonça ocupou o cargo de secretário de Segurança Pública por duas ocasiões e, enquanto presidia o Tribunal Regional Eleitoral, em 2010, foi vítima de um atentado a tiros.

Procurada pela reportagem, a defesa do desembargador ainda não retornou os contatos. O Tribunal de Justiça de Sergipe disse não iria se manifestar. O espaço segue aberto.

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