Justiça

Agente que gravou vídeo ironizando ‘câmara de gás’ é expulso da PRF

A demissão de Ronaldo Bandeira foi motivada pela participação dele em sociedade privada, o que é proibido

Agente que gravou vídeo ironizando ‘câmara de gás’ é expulso da PRF
Agente que gravou vídeo ironizando ‘câmara de gás’ é expulso da PRF
Vídeo em que Ronaldo Bandeira ensina a fazer "câmara de gás" em uma viatura viralizou após morte de Genivaldo de Jesus — Foto: Reprodução
Apoie Siga-nos no

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) expulsou de seus quadros o agora ex-agente Ronaldo Bandeira, que protagonizou um vídeo em que ensinava estudantes a fazerem uma “câmara de gás” dentro de viatura e debochava de suposta vítima do crime.

Apesar da repercussão do episódio, Bandeira foi excluído da corporação devido a uma infração do estatuto dos servidores públicos civis da União por participar da gerência ou administração de sociedade privada – no caso, um curso de preparação para as provas da PRF. O vídeo em questão foi gravado durante uma das aulas do curso.

A demissão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) no último dia 25 de julho e foi informada inicialmente pelo site G1 nesta segunda-feira 19. A informação foi confirmada por CartaCapital.

Em sua página no Instagram, Bandeira, que atuava pela PRF em Santa Catarina, se disse surpreendido pela notícia e afirmou ser injustiçado. Ele ainda afirmou que vai se dedicar à empresa de cursos, da qual “agora sim” iria cuidar.

O policial demitido chegou a ser suspenso do cargo por 90 dias, por ordem do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, em meio a um procedimento administrativo disciplinar aberto após a divulgação do vídeo em que ensinava os estudantes a montar a “câmara de gás”.

O vídeo

Na gravação, Bandeira mostra como torturar pessoas dentro de viaturas. Sempre rindo do que falava, ele relatou um episódio em que teria usado o spray de pimenta para atacar uma pessoa que teria sido detida.

O relato chamou atenção pela semelhança com o caso da morte de Genivaldo Santos, que foi torturado e asfixiado até a morte por três agentes da PRF em Sergipe em maio de 2022. Os responsáveis pela abordagem foram indiciados por homicídio triplamente qualificado e irão a júri popular.

“A gente estava na parte de trás da viatura, ele ainda tentou quebrar o vidro da viatura com chute. Ficou batendo o tempo todo”, afirmou Bandeira. “A pessoa fica mansinha. Daqui um pouco só escutei: ‘vou morrer! Vou morrer’. Aí eu fiquei com pena, cara. Abri [e falei] assim: ‘tortura!’, e fechei de novo”, disse, às gargalhadas.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo