Editorial

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A independência despercebida

O grito do Ipiranga não foi como a iconografia oficial o registra

Em vez do cavalo branco de Napoleão houve um muar - Imagem: Pedro Américo/Museu do Ipiranga/USP
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Na iconografia oficial, entregue ao pincel de ­Pedro Américo, Dom Pedro I monta o cavalo branco de Napoleão. Eu conheço outra versão do evento que se deu nas alturas do ­atual bairro do Ipiranga, então invadido por um renque de bananeiras. De verdade, a montaria era um modesto, paciente muar. Dom Pedro almoçara na vivenda da Marquesa de Santos, no litoral, e partira logo após sem maior alarde. Os frutos do mar propiciados pelos escravos cozinheiros provavelmente eram infiéis, ou seja, não muito católicos, e o jovem soberano subiu a serra acometido por uma crise intestinal.

Protegido pelas bananeiras do ­Ipiranga, ele atendeu às injunções indesejáveis para livrar-se do impiedoso incômodo desrespeitoso da linhagem do imperador. Não se sabe por que Dom Pedro vinha a São Paulo, mas o lugar da proclamação é mesmo aquele. E se houver um vilão neste entrecho antes de Pedro, convém citar o pai Dom João VI, aquele que nunca tomava banho e disso se gabava. Ocorre que, quando as tropas bonapartistas do general Junot se aproximavam de Lisboa, o rei embarcou e transferiu a capital do império lusitano para o Brasil, primeiro em Salvador e, finalmente, no Rio de Janeiro.

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