Editorial
O papa estadista
Francisco foi providencial para desfazer o malfeito por Wojtyla
Nem todos os papas vão para o Paraíso. Consta até que muitos deles acabam no Inferno, com largos méritos. De Alexandre VI, registrado como Borgia, mas de verdade Borja, pai de quatro filhos nem todos de bom caráter, a Pio XII, nobre romano que simpatizou com Hitler. Alguns tiveram desempenhos historicamente notáveis, embora voltados para uma atuação por demais terrena e conveniente para alguns graúdos fiéis em detrimento de outros.
Neste atribulado momento, quando o planeta é sacudido pelo tropel dos cavaleiros do Apocalipse, um pontífice assume o papel de estadista do mundo para repor a situação no devido lugar e consertar o malfeito de quem o precedeu e, certamente, não foi ao Paraíso. Prorrompe a extraordinária figura de um papa capaz de desejar um nome apenas do santo de Assis, o Poverello Francisco, habilitado a jogar às urtigas os privilégios da sua casta para dedicar-se ao socorro dos desvalidos.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.
Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.