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O Leão atrás do filé

As propostas do governo para remodelar o Imposto de Renda, taxar os mais ricos e combater a desigualdade tributária

Privilégio. Os muito ricos vivem em uma espécie de paraíso fiscal. Mello fala em aproximar a tributação sobre renda do modelo europeu – Imagem: Washington Costa/MF e iStockphoto
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Davos, nos Alpes suíços, recebeu nos últimos dias mais uma edição do Fórum Econômico Mundial, o convescote anual de empresários, banqueiros e políticos. Como de costume, vieram a público números inconvenientes para a elite financeira global. A concentração de renda no planeta é absurda. Os cinco mais ricos detêm 869 bilhões de dólares, cerca de 4 trilhões de reais. O quinteto dobrou o patrimônio conjunto desde a pandemia da ­Covid-19, ao mesmo tempo que 5 bilhões de seres humanos empobreceram. No ritmo atual, em uma década surgirá o primeiro trilionário, e o favorito é o sul-africano naturalizado norte-americano Elon Musk, de 52 anos, no topo da lista (245 bilhões de dólares em patrimônio). A miséria persistirá no mapa por 229 anos.

A Oxfam, ONG defensora da justiça tributária e responsável por compilar os dados, diz que “a desigualdade não é acidental”, mas resultado da ação de grandes corporações em favor de seus donos e sócios. Tradução: as empresas usam subterfúgios jurídicos, ameaças econômicas e pressões políticas para proteger o próprio cofre e o bolso dos acionistas contra os impostos. A ONG reuniu números constrangedores, em particular para a pátria vice-campeã em concentração de renda no 1% mais rico em um ranking de 2019 da ONU. Os cinco maiores bilionários do Brasil enriqueceram 50% desde a pandemia, enquanto 129 milhões de conterrâneos ficavam mais pobres. À frente da fila figuram ­Vicky ­Safra, de 71 anos, viúva do banqueiro Joseph Safra, com fortuna (87 bilhões de reais) equivalente àquela dos bens somados de 107 milhões de brasileiros.

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