Economia
Haddad sobe o tom em crítica ao Banco Central e Alckmin endossa contestação
O governo Lula reforçou a ofensiva contra Roberto Campos Neto após a manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano
A decisão do Banco Central de sequer indicar o início da queda dos juros traz prejuízos para o futuro, alertou nesta quinta-feira 22 o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Além de criticar a manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano pela sétima vez seguida, o ministro disse considerar “muito ruim” o tom do comunicado emitido pelo Comitê de Política Monetária.
“Nós estamos contratando um problema com essa taxa de juros. É isso que essa decisão significa. Está contratando inflação futura e aumento da carga tributária futura. É isso que está sendo contratado”, disse Haddad em Paris, onde acompanha o presidente Lula (PT) em viagem oficial.
No comunicado, o Copom alegou existirem riscos sobre a inflação, como eventuais pressões globais sobre os preços e incertezas “residuais” a respeito da votação do arcabouço fiscal.
“O comunicado, como de hábito, é o quarto comunicado muito ruim. Todos foram ruins. E às vezes ele corrige na ata [divulgada seis dias após a reunião do Copom], mas não alivia a situação”, prosseguiu o petista. “Há um descompasso entre o que está acontecendo com o dólar, com a curva de juros, com a atividade econômica. É um claro sinal de que podíamos sinalizar um corte na taxa Selic.”
À noite, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) endossou as críticas do governo à condução da política monetária.
“A manutenção da Selic não prejudica só a atividade econômica, mas também tem outro impacto, que é o compromisso fiscal”, avaliou. “Porque quase metade da dívida pública é ‘selicada’. Cada 1% da Selic custa 38 bilhões de reais. Não há nada pior para a questão fiscal do que uma Selic desnecessariamente alta.”
Nesta quinta, o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) apresentou uma denúncia ao Conselho Monetário Nacional contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por descumprimento dos objetivos da instituição.
No ofício, protocolado nesta quinta-feira 22, o parlamentar defende que o CMN avalie a possibilidade de pedir a exoneração de Campos Neto ao Senado.
(Com informações da Agência Brasil)
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