Economia
Banco Central corta a Selic pela 3ª vez seguida e leva a taxa a 12,25% ao ano
A nova queda acontece após uma forte reação do ‘mercado’ às declarações do presidente Lula (PT) sobre a meta de déficit fiscal zero


Pela terceira vez consecutiva, o Conselho de Política Monetária do Banco Central decidiu reduzir, nesta quarta-feira 1º, a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual. Com a medida, a Selic passa de 12,75% para 12,25% ao ano, o menor índice desde março de 2022.
No comunicado emitido em setembro, o Copom indicou que, caso se confirmassem suas expectativas sobre a economia, continuaria a promover os cortes. As reuniões do conselho acontecem a cada 45 dias.
A nova queda na Selic ocorre após uma forte reação do chamado “mercado” às declarações do presidente Lula (PT) sobre a meta de déficit fiscal zero em 2024. Na sexta 27, durante café da manhã com a imprensa, no qual CartaCapital esteve presente, o petista atribuiu a dificuldade de cumprir o objetivo ao que chamou de “ganância do mercado”.
“Eu não vou estabelecer uma meta fiscal que me obrigue a começar o ano fazendo corte de bilhões nas obras que são prioritárias para este País”, disse o presidente, na ocasião.
Ato contínuo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), entrou em campo e tentou contemporizar, sob o argumento de que Lula não trabalha para inviabilizar a meta e que, ao mencionar o tema, estaria apenas constatando dificuldades na arrecadação.
A partir do arcabouço fiscal, aprovado pelo Congresso Nacional para substituir o teto de gastos de Michel Temer (MDB), o governo Lula projeta zerar o rombo nas contas públicas no ano que vem, mas tem direito a uma “banda” de tolerância: no cenário mais otimista, um superávit de 0,25% do PIB; no mais pessimista, um buraco de 0,25%.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.