Diversidade

Na ONU, Brasil reverte decisão de Bolsonaro e assina resolução de proteção de pessoas intersexo

Pessoas intersexo nascem com características sexuais que não se encaixam nas definições típicas de corpos masculinos ou femininos

Visão geral da abertura da 50ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra. Foto: FABRICE COFFRINI/AFP
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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) votou a favor da resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU que reconhece pessoas intersexo e pretende desenvolver políticas voltadas para proteger esse grupo. A informação é do jornalista Jamil Chade, do UOL.

A resolução, informa a publicação, foi aprovada por 24 votos e 23 abstenções, a maioria delas de países mulçumanos. O tema foi debatido na manhã desta quinta-feira 4 no colegiado das Nações Unidas.

Pessoas intersexo são aquelas que nasceram com características sexuais diversas, que não se encaixam nas concepções típicas dos corpos masculinos e femininos. A alteração genética atinge até 1,7% da população mundial. Em todo o mundo, pessoas intersexo são submetidas a procedimentos cirúrgicos ou tratamentos hormonais. Acontece que, muitas vezes, as intervenções médicas são realizadas ainda na infância, sem o consentimento pleno dos indivíduos. A violência também atinge o grupo de forma significativa.

O debate

Antes da votação, países árabes e de maioria muçulmana se pronunciaram alertando que não há uma definição internacional do termo e questionaram o debate no Conselho de Direitos Humanos da ONU. Segundo eles, a proposta de resolução violaria leis nacionais de seus Estados. Eles optaram pela abstenção. 

Durante os debates da resolução, registra Chade, o embaixador do Brasil na ONU, Tovar Nunes da Silva, destacou a importância da visibilidade do grupo, principalmente na defesa dos direitos fundamentais e contra as violações que sofrem ao redor do mundo. 

O voto foi o primeiro posicionamento na história do Brasil em defesa da proteção das pessoas intersexo. A nova posição do Brasil também reverte uma decisão do governo de Jair Bolsonaro (PL).

Em discussões anteriores sobre o tema, ainda na gestão passada, o Brasil se posicionou contra resoluções que reconheciam pessoas intersexo. Na época, a cruzada foi liderada pela ministra Damares Alves. O Brasil, sob sua tutela, ficou de fora de um apelo feito por 34 países do mundo, na ONU, para a proteção urgente de pessoas intersexo. 

A posição do governo bolsonarista, à época, era de considerar apenas o sexo biológico, evitando o que costumava chamar de “ideologia de gênero”.

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