O general Fernando Azevedo e Silva, ex-ministro da Defesa de Jair Bolsonaro, minimizou a ofensiva de bolsonaristas – inclusive do presidente da República – contra o sistema eletrônico de votação, que “foi aprovado em lei”.
“Tentaram mudar, mas o Congresso não apoiou. É assim na democracia. As urnas estão sendo usadas há 26 anos e o atual presidente foi eleito com esse sistema”, disse o militar em entrevista ao Valor Econômico publicada nesta quinta-feira 17.
Azevedo e Silva assumiria neste mês a diretoria-geral do Tribunal Superior Eleitoral, mas decidiu recuar. Ele comunicou sua decisão aos ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes – próximos presidentes do TSE – e alegou “questões de saúde e familiares”.
“Comecei a frequentar reuniões em janeiro e vi que os quadros do TSE são bons, concursados, de carreira. São dedicados e competentes e vi que podia cuidar de minha saúde”, explicou ao jornal.
A desistência de Azevedo e Silva se dá em meio a uma nova tentativa de Bolsonaro de lançar os militares contra o sistema eleitoral. Na véspera, o ex-capitão reagiu a uma declaração de Fachin ao jornal O Globo sobre a Rússia possivelmente ser a principal origem de ataques de hackers ao TSE. A entrevista foi publicada no dia em que o presidente brasileiro se encontrou com o russo Vladimir Putin.
Bolsonaro disse ser “triste e constrangedor” receber a notícia sobre o comentário do magistrado.
“Isso é lamentável”, afirmou. “Se as urnas são invioláveis, se todo o processo eleitoral é garantido, por que temer possíveis hackers?”
Bolsonaro afirmou ainda que Fachin comprovou que não teria “confiança” no sistema eleitoral.
Também na quarta 16, o TSE divulgou a íntegra das respostas enviadas às Forças Armadas sobre o sistema eletrônico de votação.
O material seria mantido em sigilo, mas, “diante do vazamento da existência de perguntas que foram formuladas, bem como do próprio teor das perguntas, o TSE resolveu divulgar o inteiro teor dos documentos que contêm as perguntas formuladas pelo general Heber Portela e as respostas elaboradas pela área técnica da Corte Eleitoral”.
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