Política

Leia a íntegra das respostas do TSE às Forças Armadas após insinuações de Bolsonaro

No documento, a Corte menciona diretamente a investigação sobre o vazamento, por Bolsonaro, ‘de informação constante de processo sigiloso’

Foto: EVARISTO SA/AFP
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O Tribunal Superior Eleitoral divulgou nesta quarta-feira 16 a íntegra das respostas enviadas às Forças Armadas sobre o sistema eletrônico de votação, alvo constante de ataques infundados do presidente Jair Bolsonaro.

O material seria mantido em sigilo, mas, “diante do vazamento da existência de perguntas que foram formuladas, bem como do próprio teor das perguntas, o TSE resolveu divulgar o inteiro teor dos documentos que contêm as perguntas formuladas pelo general Heber Portela e as respostas elaboradas pela área técnica da Corte Eleitoral”.

Logo no início do documento, o TSE diz que “as informações que envolvem a cibersegurança dos sistemas do Tribunal precisam ser tratadas com o máximo de reserva, para não se criarem vulnerabilidades ou se facilitarem ataques”, mas que, “infelizmente, há maus precedentes nessa matéria”.

A Corte menciona especificamente a investigação sobre o vazamento, por Bolsonaro, “de informação constante de processo sigiloso” sobre tentativas de ataque hacker aos sistemas da Justiça Eleitoral.

As perguntas apresentadas no primeiro ofício miram aspectos técnicos do processo de votação. Uma delas pede informações sobre a “documentação do Processo de Auditoria de Software dos Sistemas que suportam o Processo Eleitoral”.

O segundo ofício trata de questões mais abrangentes, como “o cálculo para chegar ao número máximo de 234 urnas submetidas ao teste de integridade” e “o nível de confiança nos casos em que há ação judicial relativa aos sistemas de votação e apuração”.

O último ofício se debruça novamente sobre as urnas e ecoa insinuações largamente repetidas por Bolsonaro. Os militares perguntam se “será realizada alguma auditoria externa nas novas urnas (modelo 2020)”, se o “sistema de Gerenciamento da Totalização de votos permite auditar o momento em que cada Boletim de Urna é consolidado na totalização realizada pelo TSE”, “que órgão interno ou contratado realiza a auditoria dos códigos dos sistemas utilizados no processo eleitoral” e “por que houve a mudança de procedimento quanto a totalização dos votos, enviando diretamente ao TSE”.

Na semana passada, o TSE já havia emitido uma nota em que contestava as mais recentes insinuações de Jair Bolsonaro.

Na quinta-feira 10, durante transmissão ao vivo nas redes sociais, o ex-capitão tornou a plantar dúvidas sobre as urnas eletrônicas. Segundo ele, “todo mundo sabe do que tem que desconfiar”. O presidente também declarou que as Forças Armadas foram convidadas a participar do processo eleitoral pelo presidente do TSE, Luís Roberto Barroso.

“Eu sou o chefe supremo das Forças Armadas. Aceitamos um convite do ministro Barroso. O pessoal do Exército, segundo a mídia, buscou o TSE e começou a levantar possíveis vulnerabilidades, para ajudar o TSE. Foi oficiado o TSE, para que pudesse responder às Forças Armadas”, prosseguiu. “Passou o prazo, ficou um silêncio, foi reiterado. O prazo se esgotou no dia de hoje. E isso está na mão do ministro [da Defesa] Braga Netto, que vai tratar desse assunto. Ele vai entrar em contato com o presidente do TSE para ver se o atraso foi em função do recesso ou se não foi.”

Na última segunda 14, Barroso informou ter enviado as respostas para as Forças Armadas. Foram 80 questões de natureza técnica, “sem qualquer comentário ou juízo de valor sobre segurança ou vulnerabilidades”, para compreender o funcionamento do sistema de votação.

“As questões foram respondidas detalhadamente pela Secretaria de Tecnologia da Informação do TSE em um documento com 69 páginas e três anexos, somando pouco mais de 700 páginas”, afirmou o TSE.

As perguntas foram apresentadas pelas Forças Armadas na Comissão de Transparência das Eleições durante o recesso de fim de ano.

Leia a íntegra das respostas do TSE às Forças Armadas:

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