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Não posso provar que teve fraude nas eleições, admite Bia Kicis

A deputada, que é autora da PEC do voto impresso, afirmou ainda que o discurso de Bolsonaro tem atrapalhado a condução do tema

A deputada Bia Kicis (PSL-DF). Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados
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A deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), reconheceu que não pode provar que as urnas eletrônicas foram fraudadas nas últimas eleições. A declaração foi dada em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

Bia é uma das maiores aliadas de Bolsonaro na Câmara e a grande defensora do voto impresso entre os parlamentares. A deputada, no entanto, ameniza e acredita que a falta de provas não enfraqueça o seu projeto.

“Eu não vou entrar nesta seara. Sabe por quê? Porque eu não vou falar uma coisa que eu não possa provar. Eu não posso provar que teve fraude. Sabe por quê? Porque o sistema não é auditável”, respondeu ao jornal.

Segundo Bia, é impossível ter provas de que as urnas foram fraudadas: “O eleitor não tem como provar. Ele só sabe o que ele viu, que o voto dele não apareceu naquela urna. Aí você quer jogar para o eleitor o ônus de provar uma fraude? Isso é uma prova demoníaca. Não tem como”.

Bolsonaro garantiu que irá provar as fraudes nesta semana com o auxílio de um ‘hacker do bem’. O presidente afirmou que irá mostrar ao vivo que Aécio Neves venceu as eleições em 2014 contra Dilma Rousseff. A demonstração, segundo afirmou, também irá comprovar que ele venceu as eleições de 2018 ainda no primeiro turno.

A defesa do voto impresso ganhou nuances inconstitucionais na última semana. As supostas ameaças de golpe caso o projeto não seja aprovado, feitas pelo ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, ao presidente da Câmara, causaram desconforto no Congresso. Presidentes de partidos avaliam que a PEC, que já estava enfraquecida, ganhou ainda mais rejeição após o episódio.

As declarações não foram amenizadas por Bolsonaro, que segue afirmando que as eleições estão ameaçadas caso o Congresso não aprove a PEC do voto impresso. O presidente cogita, inclusive, não concorrer novamente ao cargo caso a derrota da pauta se confirme.

Na entrevista, a deputada diz acreditar que esse discurso de Bolsonaro tem atrapalhado a condução do tema na comissão especial na Câmara, que, ao que tudo indica, irá rejeitar o projeto nas próximas semanas.

“Atrapalhou na medida em que ficou politizada a questão e isso deu uma justificativa para as pessoas que vão votar contra por causa da interferência do TSE dizer que é por causa do presidente”, explica a deputada.

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