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Indicados por Bolsonaro ao STF, Nunes Marques segue Mendonça e vota para livrar Zambelli por perseguição armada
Os dois, porém, foram votos vencidos, já que 8 ministros optaram por aceitar a denúncia e tornar a deputada ré no caso


O ministro Kassio Nunes Marques optou por seguir André Mendonça e votar para livrar a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) no caso da perseguição armada na véspera da eleição do ano passado. Os dois indicados por Jair Bolsonaro (PL) ao Supremo Tribunal Federal, no entanto, foram votos vencidos, já que oito ministros optaram por aceitar a denúncia e tornar a parlamentar ré.
O julgamento será encerrado na última hora de segunda-feira 21. Por maioria, porém, a deputada já tem o destino praticamente selado e se tornará ré por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo. A denúncia foi apresentada pela Procuradoria-Geral da República.
O caso em questão remonta 29 de outubro de 2022, véspera do segundo turno da eleição, quando Zambelli causou espanto ao sacar uma arma em público e perseguir um homem na capital paulista. A cena foi gravada e circulou nas redes sociais.
Na denúncia, a vice-PGR Lindôra Araújo defendeu que a bolsonarista seja condenada a pagar uma multa de 100 mil reais por danos morais coletivos e perca o porte de arma de forma definitiva.
Em seu voto, o relator do caso, Gilmar Mendes, sustentou que Zambelli usou a arma “fora dos limites de defesa pessoal, em contexto público e ostensivo, ainda mais às vésperas das eleições” e que isso, “em tese, pode significar responsabilidade penal”.
Se o STF receber a denúncia, a deputada poderá apresentar sua defesa e o processo seguirá para a fase de coleta das provas. Na sequência, o tribunal decidirá se condena ou não Zambelli pelos crimes apontados pelo Ministério Público Federal.
O episódio, politicamente, é apontado por aliados de Bolsonaro como determinante para a derrota do ex-capitão. Zambelli chegou a ser chamada de ‘louca’ pelo ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro, o cacique do Centrão Ciro Nogueira (PP). Na ocasião, ela rebateu o ataque chamando o político de ‘duas caras’ e ‘pior ministro’.
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