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Após nota pró-cloroquina de secretário, Queiroga diz que remédio não tem eficácia comprovada contra covid
Apesar da declaração em contraposição ao texto de Angotti Neto, Queiroga não cita diretamente o seu subordinado


Dias após o próprio Ministério da Saúde defender a hidroxicloroquina em uma nota técnica assinada por Hélio Angotti Neto, secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, o ministro Marcelo Queiroga admitiu que o medicamento não tem eficácia comprovada contra a Covid-19. A declaração foi dada nesta segunda-feira 24 em programa exibido pela TV Brasil.
“Essas medicações foram utilizadas no começo da pandemia e, na época, o uso era chamado de ‘compassivo’. Todos usaram. Posteriormente, se viu que, nessas situações, essa medicação não era mais aplicada e foi testada em outros contextos, né? Essas medicações, inclusive eu já falei, são medicações cujo uso científico ainda não está comprovada, mas essa confusão que querem criar entre vacina e cloroquina é totalmente descabida”, disse Queiroga durante a entrevista ao canal.
A postura contradiz a nota em vigor da própria pasta, que defendeu o uso do medicamento do chamado kit covid e colocou em xeque a eficácia da vacinação. Apesar da declaração em contraposição ao texto de Angotti Neto, Queiroga não cita diretamente o seu subordinado.
Parlamentares já atuam para retirar Angotti Neto do cargo. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que irá recorrer ao Supremo Tribunal Federal para que o secretário seja demitido da pasta e que sua posição no texto seja revogada. Atitude semelhante terá o PSOL, que classificou a nota de Angotti como criminosa e também levará o caso para a Suprema Corte.
Além do STF, senadores pretendem convidar o secretário para ir ao Congresso prestar explicações sobre o caso. O convite poderá ser transformado em convocação caso ele não compareça e ocorre no momento em que parlamentares defendem a criação de uma nova CPI da Covid na Casa.
Ainda que não ocorra a abertura de uma nova CPI, senadores também atuam para convocar Queiroga e o presidente da Anvisa, Barra Torres, para esclarecer temas relacionados à pandemia, em especial, a vacinação infantil e os ataques do governo federal à agência reguladora.
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